Pontos de vista

Ao presenciar no último sábado, dia 23 de outubro, uma sabatina pública com o Prefeito Fernando Haddad, uma frase, dita por ele, em resposta a uma indagação, me chamou a atenção: “No Brasil temos eleições ano sim, ano não. Se no ano que não temos eleição, nós ficarmos debatendo-a, não faremos mais nada”.

Um ponto de vista que, indo além da retórica, me fez recordar, mutatis mutandis, um texto, que em época de Enem, deve vir a calhar.

“Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão.
-Esta história já começou com um erro – disse a Virgula.

-Ora, por quê? – perguntou o Ponto de Interrogação.

-Deveriam me colocar antes da palavra “quando” – respondeu a Virgula.

– Concordo! – disse o Ponto de Exclamação. – O Certo seria:

“Os sinais de pontuação estavam quietos dentro do livro de Português, quando estourou a discussão”.

-Viram como eu sou importante? – disse a Virgula.

– E eu também – comentou o travessão. – Eu logo apareci para o leitor saber o que você estava falando.

– E nós? – protestaram as Aspas. – Somos tão importantes quanto vocês. Tanto que, para chamar a atenção, já nos puseram duas vezes neste dialogo.

– O mesmo digo eu – comentou o Dois Pontos. – Apareço sempre antes das Aspas e do Travessão.

-Estamos todos a serviço da boa escrita! – disse o Ponto de Exclamação. – Nossa missão é dar clareza aos textos. Se não nos colocarem corretamente, vira uma confusão como agora!

– Ás vezes podemos alterar todo um sentido de uma frase – disseram as Reticências. – Ou dar margens para outras interpretações…

– É verdade – disse o Ponto. – Uma pontuação errada muda tudo.

– Se eu aparecer depois da frase “a guerra começou” – disse o Ponto de Interrogação – é apenas uma pergunta, certo?

– Mas se eu aparecer no seu lugar – disse o Ponto de Exclamação – é uma certeza: “a guerra começou!”

– Olha nós aí de novo – disseram as Aspas.

– Pois eu estou presente desde o comecinho – disse o Travessão.

-Tem hora em que, para evitar conflitos, não basta ponto, nem uma virgula, é preciso dois – disse o Ponto e Virgula.

– E aí entro eu.

– O melhor mesmo é nos chamarem para trazer paz – disse, mais uma vez, a Virgula.

– Então, que nos usem direito! – disse o Ponto Final. E pôs fim a discussão”

Vamos seguir, tentando escapar dos corretores ortográficos dos “smartfhones”, na luta para nos fazer entender.

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