As folhas caem para anunciar a primavera!

As folhas caem para anunciar o início da primavera, não o fim das estações!

Em Brasília, nesse momento, as árvores estão perdendo as folhas. Diariamente lançam ao solo milhares de folhas, que formam um belo dossel de matéria orgânica e se juntam ao belíssimo arranjo arquitetônico de Brasília. Mas quando as folhas caem não significa que a arvore morreu, apenas que uma estação chegou ao fim e outra se inicia. Significa, tão somente, que ela está recorrendo à sua defesa natural para que possa vicejar, ainda com mais vigor, na primavera que se aproxima. Uma arvore, a rigor, só morre quando perde sua seiva, sua essência.

No reino animal também é assim, tanto quando as serpentes trocam de pele ou simples casulos se transformam em exuberantes mariposas. E esse fenômeno igualmente se repete no “reino” social, na medida em que tanto na natureza quanto na sociedade todos os fenômenos estão interligados, interconectados e interdependentes.

Assim, quando um governo enfrenta problemas e mesmo perde aliados, nada indica que ele chegou ao fim. Significa que ele precisa se adaptar à nova estação, da qual sairá ainda mais forte, desde que não perca a sua essência e defina, com clareza, os seus objetivos programáticos.

Dessa forma, se as árvores retiram do solo, do sol e da água – que aqui é pouca – os macronutrientes essenciais e a energia indispensável para o seu metabolismo, o nosso governo precisa retirar de seu enorme legado e do apoio popular os meios básicos não apenas para seguir em frente, mas para ampliar ainda mais as conquistas alcançadas. Essa é a essência que jamais poderemos perder.

De imediato é preciso ter claro que, na dificuldade, tudo que um governo jamais poderá fazer é paralisar. É preciso agir, executar suas ações, retomar a iniciativa política para que o caráter e os reais objetivos (muito dos quais inconfessáveis) de seus adversários fiquem evidentes e permita que as pessoas isentas tirem as suas próprias conclusões.

No momento o que efetivamente está em discussão é que projeto de nação queremos. Se queremos um país soberano e altivo nas suas relações internacionais ou se voltaremos à política de alinhamento e submissão ao governo americano, expresso nas vexatórias e humilhantes inspeções do FMI durante os governos tucanos (FHC-PSDB);

Precisamos decidir se queremos que o crescimento econômico de nosso país seja, também, a expressão da distribuição de rendas como hoje é feito através de programas sociais e valorização real do salário mínimo ou a volta da brutal concentração de rendas que tem caracterizado a nossa trajetória econômica;

É preciso definir, com clareza, se queremos um governo como esse, que impulsionou a infraestrutura nacional com a construção de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, refinarias, milhões de casas populares, gigantescas hidrelétricas e obras secularmente reclamadas como a transposição do rio São Francisco; que promoveu o saneamento nas cidades; abriu centenas de universidades e escolas técnicas, dentre alguns feitos extraordinários, ou se voltaremos à prática dos governos anteriores que ficavam a mercê da chamada iniciativa privada para a solução desses problemas, que só se avolumavam, sem que a iniciativa privada tomasse qualquer medida, salvo nas situações em que ela vislumbrava antecipadamente a garantia de lucro vultoso e certo.

Esse é o debate. O espetáculo midiático que a direita promove com seus instrumentos de comunicação tem um único objetivo: assaltar via golpe o governo da presidenta Dilma ou torná-lo tão frágil que a presidenta seja obrigada a interromper esse projeto de nação e até mesmo – num cenário idealizado por alguns próceres da direita – retomar a agenda neoliberal interrompida desde a eleição de Lula.

O momento exige escolhas, opções claras. A filosofia nos ensina que ninguém é digno de viver em liberdade se não estiver disposto, no extremo, a sacrificar a própria vida por esse valor imaterial. De igual forma, alguém jamais poderá usufruir dessas conquistas se não tiver absoluta consciência da importância delas e, consequentemente, disposição para defendê-las.

Se a sociedade não estiver disposta a lutar para manter as inúmeras conquistas desse governo, em todos os terrenos – e não apenas naquilo que alguns chamam, com certo desdém, de “conquistas sociais”– é porque essa mesma sociedade não viu esses avanços como conquista e, portanto, não se sente como parte dessa vitória. Vê-se como mera espectadora e beneficiária, sujeito passivo e não ativo. Vai perder sem reagir. É uma opção. A outra opção é lutar. Não se deixar enganar pela cantilena das aves de agouro.

Nessa opção quanto ao projeto de nação que cada um defende, aos poucos, ainda meio envergonhada, a direita começa a explicitar a sua pauta: corte nos direitos sociais; redução ou supressão nos programas de distribuição de renda; volta das privatarias. E, naturalmente, alinhamento submisso ao império americano. Se o governo aceitar a armadilha de executar essa política que o povo rejeitou nas urnas começará a perder a sua essência e, aí sim, poderá perder qualquer base social de apoio.

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