Africanos em Sampa 

A região central da capital paulista tem, nos últimos anos, mostrado uma composição social diferente. As avenidas São João, Ipiranga, Rio Branco, Senador Queiroz e as ruas e alamedas da Vila Buarque, Santa Cecília, Campos Elísios, estão povoadas de africanos.

São nigerianos, camaroneses, ganeses, senegaleses, burquinenses e barinistas. Além é claro, dos angolanos, moçambicanos e cabo verdiano que formam, por motivos óbvios, uma comunidade a parte.

À esses africanos se somam os haitianos e muitos bolivianos. Não se sabe ao certo a motivação deste surto migratório. Imagina-se que a busca por melhores condições de vida e de trabalho, além das características do nosso país, sejam atrativos inclusive para refugiados.

Contudo, penso que a crise mundial e a ilusão de aqui sendo o país mais “africano” do mundo, fora da África, pode estar na raiz subjetiva desta migração.

Como aqui no Brasil as coisas não andam bem, evidentemente, que esse contingente termina por engrossar levas de desempregados e desassistidos na capital paulista. Tornando-os presas fáceis para a criminalidade e o tráfico que recruta, alguns, de forma ousada e eficaz.

Evidente que o poder público precisa intervir afinal uma grande parte deles estão aqui em situação ilegal o que os tornam vulneráveis, inclusive do ponto de vista humano.

São Paulo, foi, ao longo de sua história o estado que mais atraiu imigrantes. Dos 4,5 milhões que chegaram ao Brasil 3 milhões desembarcaram em Santos e subiram a serra rumo ao interior do estado, na esperança (sempre ela) de, ao colher grãos, colher para si um pouco da riqueza do café.

Expectativa que nem sempre se confirmou. Por diferentes caminhos, boa parte de toda essa gente acabou vindo para a capital.

Os imigrantes desembarcavam em Santos e, eram encaminhados de trem até o Brás, onde ficavam na Hospedaria dos Imigrantes- hoje transformados no Memorial do Imigrante – e de onde partiam para as lavouras de café no interior do estado, numa nítida política das elites, que buscava “embranquecer” os trabalhadores da lavoura, que não podendo mais utilizar-se do trabalho escravo, resistiam a assalariar os negros libertos.

Muitos desses imigrantes, entretanto, preferiram ficar na capital daí o surgimento de bairros nos quais a presença de estrangeiros eram marcantes como Bom Retiro, Brás, Bexiga e Barra Funda.

Mas como dizia Marx, a história não se repete, a não ser como farsa ou tragédia, a situação agora é outra. Há no país e em especial em São Paulo, um recrudescimento de posturas de direita, xenófobas e racistas. Isso torna a recepção aos africanos um festival de agressão e de violência moral.

Claro que os de pele branca que aqui chegam ainda são tratados pela sociedade paulistana como continuidade daqueles pioneiros, mas o negro é tratado com o preconceito pior Fo que antes.

No fundo as causas são sempre as mesmas: a fuga à pobreza, desemprego, destruição do meio ambiente, guerra, violência, perseguição política ou religiosa. Neste campo, não é fácil distinguir por vezes, a fronteira entre o imigrante e o refugiado. Ambos fogem a uma situação intolerável que os obriga a deixar a terra onde nasceram. Imigra-se também para aproveitar oportunidades de emprego que se oferecem em alguns países que carecem de mão-de-obra.

A imigração não é um mal, muito pelo contrário, inúmeros exemplos históricos mostram que a mesma tem constituído um poderoso meio

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