Otimismo 

A crise pela qual passa o governo da Presidenta Dilma, parece não dar sinais de arrefecimento. Vejo nos jornais e publicações até de esquerda, constatações e diagnóstico que registram bem o atual momento. Me parece óbvio que a oposição midiática, que até outro dia retro alimentava o judiciário, tem sido abastecida, de forma nítida, por representantes deste poder. E assim imediatamente repercute nos partidos de oposição, notadamente o PSDB e seus satélites DEM e PPS.

Essas legendas são meras reprodutoras de fatos elementos criados pela “mídia-judiciário” no ambiente dos parlamentares brasileiros. Contudo o artificial(criado) desgaste da “politica” atinge-os também.

Alguns do nosso campo (esquerda) insistem em se comportar mais como torcedores do que como militantes. Tentam com argumentos frágeis convencer-nos que a situação irá melhorar, embora até esses otimistas, achem que antes disso irá piorar ainda mais. O subjetivismo é colocar a vontade como elemento empírico de análise da realidade e assim sempre ficar correndo atrás dos fatos que a vida impõe cotidianamente. Não se trata de pessimismo mas de cuidar para manter atento os militantes e preparado para as consequências que podem não ser favoráveis ao povo.

Claro que a crise mundial e a própria pressão dos acontecimentos e da oposição, jogam papel na crise. Contudo minha preocupação é com a nossa parcela de responsabilidade nesta situação.

O governo da Presidente Dilma, tem muitas dificuldades. Na minha opinião o pecado original foi ao terminar a eleição, ela e os aliados, não fazer a leitura correta do pleito eleitoral e de seu resultado. O Brasil tem características próprias e peculiares o “centro” político é volátil e sempre olha para a direita. Assim uma polarização precisa considerar essa realidade. O Caminho era optar por uma radicalização programática com base em uma ampliação política fortalecendo setores, mesmo a contragosto, mais a direita, impedindo-os ou dificultando-os ao máximo, a ida desses setores para o campo inimigo. Subestimou-se a polarização, a radicalização e o crescimento da violência intolerante com ares de fascismo que se gestou durante a campanha. O Governo fez o contrário, estreitou ainda mais sua composição, rebaixou a qualidade política de sua composição e do ponto de vista econômico deu um “tiro no pé”, quando assumiu um programa tucano para gerir a macro economia.

Começou atacando direitos dos trabalhadores, principal base de apoio dos governos Lula e dela própria. Os ajustes se necessários, primeiro não deveriam ser feitos por alguém mas do nosso campo e depois nunca ter começado por penalizar os trabalhadores. Alvos primeiros históricos de as crises que o sistema capitalista produziu.

Resultado desta explosiva combinação não poderia ser outra senão a popularidade chegar próximo de zero. Rejeição, temor de todos os “marketeiros”, nas alturas e capacidade de reação limitada.

Do ponto de vista ético, foi puxada pela crise de seu partido o PT, que nocauteado, pelos ataques sistemáticos diários e consecutivos, não consegue se reerguer e fica em situação difícil. Talvez se fosse menos arrogante ou se tivesse sido menos sectário pudesse ter aprendido com os comunistas que sofreram ataques mil vezes pior quando na década de 50, século passado, foi divulgado o tal do relatório “secreto” sobre Stalin, que caiu como uma bomba na militância e causou sim estragos enormes. O PT paga pelos erros que cometeu e por sua natureza. Mesmo agora, na crise, no isolamento, há petistas ilustres que vão aos jornais pedir mais espaços, esquecendo que outros no mesmo momento são presos.

Existe uma indignação real na sociedade. Explorada a exaustão pela oposição, que faz o seu papel, claro. A situação é grave com desfecho absolutamente imprevisível mas com tendência negativa.

O problema não é só a perda do poder. Aliás que de acordo com as regras do jogo a perda faz parte.

A preocupação é com a perda da esperança e da perspectiva. O sonho de construir uma nação livre e soberana precisa resistir! O governo federal a sua base consequente precisa lutar para não cair. Se apoiar no povo, sem exclusivismos, depurar-se do que não presta, alterar a rota, corrigir o rumo e buscar com o povo as soluções para tirar o país da situação. Se inspirar no sonho de gerações, ter coragem para refazer-se e reconstruir-se, sufocar os objetivos individuais e mesquinhos, deixar florescer o objetivo coletivo que nos fez chegar até aqui.

Ser otimista hoje é ter coragem para fazer autocritica e acreditar no povo e nos nossos sonhos. Perder governo é possível. Não podemos é perder a esperança e muito a perspectiva.

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