Anticomunismo e russofobia na Ucrânia

Há mais de dois anos a Ucrânia vive dramáticos acontecimentos, desde que com apoio das potências imperialistas ocidentais, contrarrevolucionários travestidos de democratas ocuparam a Praça Maidan no prelúdio do golpe de Estado que se consumaria em fevereiro de 2014.

Desde então, a Ucrânia é um campo de prova para a aplicação de uma estratégia de cerco à Rússia, o que requer o aniquilamento da democracia, o isolamento e a derrota dos comunistas. É este o sentido da ofensiva atual do governo de Kiev que decidiu proibir a participação do Partido Comunista nas eleições em todos os níveis, primeira etapa de um processo cuja finalidade é levar o partido à absoluta ilegalidade, numa demonstração de que o poder de Estado foi sequestrado por forças fascistas.

A camarilha que se encontra no poder mescla russofobia com anticomunismo. Promoveu a destruição dos monumentos dedicados a Lênin e aos soldados libertadores soviéticos na Segunda Guerra Mundial, cujo 70º da vitória transcorre este ano, revogando a lei sobre o status da língua russa, enviando bandos de criminosos aos centros industriais do leste, onde a população fala predominantemente a língua russa.

Merece atenção também dos democratas e anti-imperialistas em todo o mundo a utilização do território da Ucrânia para exercícios e manobras militares da Otan.

Há poucos dias, o governo ucraniano apertou o cerco aos comunistas, o que mereceu um contundente pronunciamento do presidente do Partido Comunista da Federação Russa, Guenadin Ziuganov, cuja íntegra publicamos abaixo

“O grupo filo-americano no governo em Kiev, que tomou o poder na Ucrânia em fevereiro de 2014, deu agora um passo no caminho do aniquilamento da democracia no país. O ministro da Justiça assinou um documento que proíbe o Partido Comunista da Ucrânia de participar nas eleições em qualquer nível. Assim, deu a entender que isto representa somente um passo intermediário rumo à completa interdição do partido comunista.

O Ministério da Justiça refere-se à lei que introduz o veto às ideologias comunista e fascista. É impossível, porém, não perceber que é o próprio fascismo que está florescendo de maneira exuberante na Ucrânia. As ações ultrajantes do “Setor de Direita” assemelham-se como gotas d’água aos comportamentos das tropas de assalto hitleristas. Os chefetes desse movimento político-militar ucraniano mostram claramente quem está provocando fúria no país.

Não obstante as tentativas de equiparar o nazismo e o comunismo, estas ideologias são diametralmente opostas e inconciliáveis. A ideologia desumana do fascismo é rechaçada por toda a humanidade, enquanto a ideia de uma ordem social baseada na justiça é cada vez mais difundida em todo o planeta. E é exatamente na tentativa de sufocar esta ideia que a oligarquia mundial – autêntico patrão da reação – utiliza o nazismo.

Uma das principais características do fascismo é a sua feroz luta contra os comunistas. A primeira coisa que qualquer regime filo-fascista procura fazer é a perseguição e a proibição do partido comunista. É precisamente nesse caminho que se movimenta a cúpula do poder em Kiev. Os contínuos passos para o aniquilamento do movimento comunista revelam claramente o caráter de classe das forças que tomaram o poder na Ucrânia. Estas forças representam os interesses da grande burguesia local, como apêndice da oligarquia mundial.

As contínuas tentativas de sufocar o movimento comunista na Ucrânia demonstram que este mete medo aos clãs burgueses-oligárquicos. A ameaça para eles não emana dos farsantes “revolucionários de Maidan”, mas dos comunistas com sua tradição de luta pelos interesses dos trabalhadores. Estes representam o principal perigo para os apoiadores de Poroshenko e Kolomoysky, de Avakov e Turchinov, de todos aqueles que lançaram o povo da Ucrânia na miséria e na humilhação.

As “democracias” ocidentais fecham vergonhosamente os olhos diante das orgias dos herdeiros de Bandera, o cúmplice de Hitler. Nos anos 1930 estas “democracias” já tinham favorecido a difusão da peste nazista na Europa, com a esperança de usá-la contra a União Soviética. Nós não esquecemos que o capital anglo-americano promoveu da maneira mais enérgica o renascimento da potência militar-industrial da Alemanha hitlerista. E hoje a oligarquia mundial nutre o regime neonazista em bancarrota, procurando salvá-lo da ira das pessoas. O propósito mais importante das forças reacionárias consiste em transformar a Ucrânia na ponta de lança da russofobia ocidental.

Para os senhores globalistas está tudo claro. Mas cabe aos povos dos países do Ocidente recordarem que o monstro hitlerista, adquirindo força com os empréstimos dos bancos americanos, se afirmou em virtude da obediência aos próprios patrões e começou a sufocar todas as manifestações da democracia. E somente a União Soviética, aniquilando a hidra nazista, salvou o mundo da escravidão.

É absolutamente claro que as mais duras lições da história não podem ser esquecidas. Hoje, busca-se extingui-las da memória dos povos da Europa e da América. Mas os povos da Rússia, que comemoram os 70 anos da grande vitória sobre o fascismo, não esqueceram em absoluto. Não esqueceram tampouco que os comunistas sempre estiveram e estão à frente das forças antifascistas.

O Partido Comunista da Federação Russa condena firmemente a nova etapa da histeria anticomunista na Ucrânia. Pedimos à comunidade mundial, às organizações democráticas internacionais que se unam na luta contra o ressurgimento do fascismo no centro da Europa. Os comunistas russos reafirmam sua firme solidariedade aos companheiros na Ucrânia. Continuaremos a tomar todas as medidas necessárias para contestar o nazismo, para defender os interesses dos trabalhadores, para instaurar a paz, a democracia e os direitos humanos”.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor