Jovens

Em 2006, nos Estados Unidos, auge da guerra contra o Iraque, uma imagem me marcou. Era de jovens, nos aeroportos por onde passei, engolidos por fardas e coturnos que partiam para a guerra. A maioria jovem, uma espécie de vingança adulta contra aqueles que detêm a força, a energia e a impetuosidade.

Os grandes conflitos da humanidade sempre foram iniciados por adultos, custando à vida de milhões de jovens.

No Brasil não foi diferente, nos conflitos internos e externos, os jovens foram os primeiros a ir para o front de batalha. Foi o caso da Segunda Guerra Mundial onde os pracinhas brasileiros atuaram na Europa; no Golpe de 1964 onde jovens, principalmente estudantes, foram também reprimidos e torturados pela ditadura.

Mas, no Brasil do século 21, ser jovem representa um perigo maior que em qualquer outro momento de nossa história. Atualmente morrem mais jovens no Brasil do que nas doze maiores zonas de guerra do planeta.

Dados da Anistia Internacional demonstram que no período entre 2004 e 2007, 192 mil brasileiros foram mortos, contra 170 mil somando as guerras no Iraque, Sudão e Afeganistão. Atualmente a coisa tem piorado. Na Síria da guerra civil e do estado islâmico, por exemplo, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas (ONU), morreram 191 mil pessoas desde o início do conflito, em 2011, no Brasil aconteceram 56.337 mortes apenas em 2014.

O mais estarrecedor é que, no momento em que esta realidade é enfatizada e, choca a comunidade internacional, destacando a violência contra a juventude brasileira, nosso velho e adulto congresso ameaça votar e aprovar a redução da maioridade penal no país. O que gera o seguinte slogan: “é preciso prender os jovens que não conseguimos matar”.

Hoje, os dados dizem que, 77% dos jovens que são vítimas de homicídio são negros. Realidade esta que, remete ao período escravocrata, onde, a expectativa de vida de um negro escravizado, era em média apenas 19 anos. Qualquer semelhança, não é mera coincidência!

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