O Legislativo, o Executivo e o Judiciário

Certa vez ouvi de um jornalista, com ares de filosofo e soberba extrema, dizer, que este século será o século do judiciário. Dizia o incauto com ares de convicção que o século 19 foi o século do Parlamento, o século 20 do executivo e o século atual, 21, portanto seria o período em que o protagonismo das “mudanças” seria o judiciário.

Registrei tal comentário, como o meu segundo contato pessoal, a miséria humana. Pois nunca ouvi, tanta bobagem, dita ao vivo mesmo em uma rede de televisão que se notabiliza pelas bobagens que transmite.

Contudo considero que o atual estágio da luta politica e social no país são capazes de produzir tamanha bobagem e o pior que daqui a algum tempo esta besteira, pode se tornar em verdade, quase que absoluta. Teses e mais teses, livros e publicações, podem ser produzidas contextualizando e “pretextualizando” tais afirmação.

Ocorre que existe o movimento de anos para desmoralizar a política. Movimento que é momentaneamente, do ponto de vista histórico, portanto, temporal, vitorioso. Infelizmente hoje o lugar comum, põe a politica como sinônimo de “se dar bem” individualmente. Sem contar que para a grande massa da população hoje, todos os políticos são ladrões e/ou corruptos, que ao fim fica sendo a mesma coisa.

Nem aquele falso respeito de antes existe mais. Vi parlamentares sendo taxado de “ladrões” a pleno pulmão por cidadãos de dedo em riste. Esta batalha, infelizmente não sei por quanto tempo, nós perdemos. Não existe na consciência e nem na memória popular nenhum resquício do quão nobre foi e deve ser a prática politica. A politica enquanto instrumento imprescindível a melhoria coletiva da vida do povo, das nações e da vida, jaz temporariamente, não inerte, em algum lugar da história recente.

Claro que este realidade é resultado direto de dois movimentos, um mais duro, perverso, dirigido, orquestrado há muitos anos pelas elites. A reação ao saber que restava ao povo a politica como elemento de transformação e de luta. Tratou de semear, confusões, e distorções ao lado de migalhas, produto direto do desenvolvimento, relativamente pacifico do capitalismo. Iludiu, forjou falsas lideranças, “adoçou” bocas e estimulou práticas que foram verdadeiros algozes, de anos a fio de construção altruísta de homens e mulheres que se dedicaram a causa das mudanças e das melhorias das condições de vida do povo.

Mas houve sim, a capitulação, o fraquejar, o desvio de muitos que até hoje se transvestem de esquerda ou mesmo de revolucionários para ocupar espaços para si ou para os seus (amigos e familiares) buscando mesmo quando dizem o contrário, vantagens individuais indisfarçáveis subjetivamente e objetivamente. Gente que assumiu postos importantes em nosso nome e em vez de criticar e mostrar tornar públicos as práticas bandidas de seus antecessores, resolveram, esconder e fazer uma espécie de acordo tácito, por vezes, a pretexto desta pacificidade do capitalismo, para seguir uma governabilidade discutível que se mostrou com “pés de barro”. Na verdade uma parte terminou por assimilar práticas corruptas que criticavam nos seus antecessores e iludido ou iludindo se locupletaram do erário. Alguns em nomes de projetos que se mostraram mais individuais do que coletivos, mas pessoais do que programáticos. Esses contribuíram e foram também nefastos para a politica.

Assim nesta realidade difícil e de resistência é que nos deparamos com a tal reforma política, que neste ambiente, nesta atual correlação de forças, não deve dar coisa boa. Alias a reforma, bem, mas isso é assunto para o próximo artigo onde direi do meu primeiro contato com a miséria humana.

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