A conversa fiada de quem dizia que a luta de classes acabou

“Não nos enganemos, a luta de classes não acabou, e, para o patronato, paz social é um discurso que carece de recheio humanitário” – frase final do meu artigo “Dia Mundial do Trabalho”, escrito em 2007, do qual compartilho trechos:

 No 1º de maio é comemorado o Dia do Trabalho ou Dia Mundial do Trabalho, como um registro de que o direito ao trabalho é um direito de cidadania e em memória dos trabalhadores assassinados em 1º de maio de 1886, em Chicago (EUA), numa manifestação pela redução da jornada de trabalho.

“O 1º de maio como Dia Mundial do Trabalho, aprovado em 20.6.1889, na Segunda Internacional Socialista, em Paris, aqui é celebrado desde 1895, mas só em 1925 o presidente Artur Bernardes oficializou a data. Foi em 1º de maio de 1940 que o presidente Getúlio Vargas instituiu o valor do salário mínimo” (O TEMPO, 1º de maio de 2007).

Em 2015, o Dia do Trabalho em nosso país será marcado por manifestações em defesa dos direitos trabalhistas conquistados e de repúdio à ampliação da precarização do trabalho como desejam o patronato aqui estabelecido e deputados federais a ele vinculados, que aprovaram o PL das terceirizações num espetáculo sem pudor civilizatório, no qual o PT tem parcela de responsabilidade porque, dentre outras negligências políticas com o tema, implementou terceirizações até no seio do governo federal!

Como disse Ana Maria Prestes: “Eis que ao final deste primeiro trimestre dá entrada na cena política a mãe de todas as contradições: capital x trabalho. Entrou como um divisor de águas, como uma organizadora da confusão, dando nomes aos bois e revelando que o principal esvaziamento da base de apoio ao governo tem razões materiais e objetivas, para além das políticas… A ‘luta de classes é o motor da história’, chegou quando o capital cobrou sua fatura aos políticos recém-eleitos. Para chegar ao ‘paraíso’ do Parlamento, negociaram direitos trabalhistas e sociais dos eleitores” (“Luta de classes ganha a cena política através do PL das terceirizações”).

Tenho a opinião de que a terceirização equivale à precarização do trabalho – nociva em todos os aspectos para quem vende a sua força de trabalho, com as mulheres pagando o maior tributo.

Endosso as palavras da União Brasileira de Mulheres: “O projeto de lei que permite a terceirização do trabalho – PL 4.330, do empresário e deputado Sandro Mabel (PMDB-GO) – é, em si, uma violência contra os trabalhadores e trabalhadoras. Representa a legitimação da precarização do trabalho e da vida de milhões de brasileiros em benefício de poucos, abrindo flanco, inclusive, para relações de trabalho análogas à escravidão… Nós, mulheres brasileiras, não admitimos que um parlamentar eleito com voto popular utilize seu mandato para calar a democracia e marchar contra direitos conquistados com tanto esforço por gerações e gerações” (Brasília, 7 de abril de 2015).

Em 2015, será relembrado o massacre da cidade de Rio Grande (RS) pelas forças policiais, em 1° de maio de 1950, no qual foram assassinados o pedreiro Euclides Pinto, o portuário Honório Alves de Couto e o ferroviário Osvaldino Correa. No fim da ação assassina, a comunista e tecelã Angelina Gonçalves, aos 37 anos, que estava enrolada em uma bandeira do Brasil, foi morta a tiros!

O massacre de Rio Grande é exemplar de que o capital historicamente entrava, solapa e usurpa direitos trabalhistas e pode matar para impor a sua política de ganância.

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