Livro não é detergente

As facilidades são enganadoras, nos enganam para vender o que não existe. E para quem deseja publicar seu livro por conta é preciso ser dito: no mercado, como nos sonhos, há mais erros do que acertos, assim como há mais desperdício do que boas economias, facilidades e enganos. Vejamos o caso de empresas que vendem promessas de fazer um livro de forma rápida e barata. 

Sinto, mas isso não existe. Um bom livro, ainda que somente em versão digital, demanda tempo e bons profissionais mas também muito carinho de seu editor.

Tudo, porém, pode piorar. Há outras empresas, que além de facilidades, oferecem sucesso a módicos preços, obrigando a assinatura de contrato de cedência de direitos autorais do que está para ser editado. Gente, sucesso não se vende, não se compra, e não será cedendo direitos autorais de um livro, quefoi totalmente bancado pelo autor, que se alcançará a fama.

Há das mais variadas fórmulas, porém a mais indicada é a que prima pela cautela e inteligência. Não se deve assinar contrato de direitos autorais se a produção de um livro é financiada pelo próprio autor, o contrato entre o autor e o editor é o de serviços e produtos, logo quem contrata quer seu livro pronto com qualidade e não deve ceder nada diferente disso.

Não conheço quem alguma vez na vida não tenha se arrependido de um negócio feito sob a pressão do momento. As empresas e a publicidade sabem disso, e disso se valem para provocar a venda, seja essa do que for. Casas, automóveis, viagens, eletrodomésticos, em tudo há aquela pressão para que compremos, ainda que, talvez, não precisemos e ou até não devamos fazer o negócio.

Pois mandar fazer um livro não poderia ser diferente, diria que pode ser ainda mais triste, tal o tamanho da decepção. Livro é algo duradouro, muito mais do que uma televisão ou automóvel. Livro, definitivamente, não é Coca-Cola, tampouco detergente. Livro precisa da mesma dose de carinho e paixão desde a sua concepção original até sua publicação final e venda.

Se para a eternidade existem religiões e crenças das mais diversas, o melhor é aceitar o espírito do tempo e adentrar no templo dos seguidores do livro. O livro, seu conteúdo, é um golpe na eternidade, dizia o poeta. Objeto sagrado que no passado andava pendurado feito colar em pescoços ilustrados e que agora, talvez pela primeira vez na história, está ao alcance de milhões ao toque, simples, de uma tela.

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