Separados pelo casamento

As manifestações de rua que ocorrerão durante o dia 15 de março não foram espontâneas, é verdade. Na verdade foram dirigidas e guiadas com o nítido objetivo de colocar água no moinho do descontentamento real com o atual governo. A campanha de mobilização intensa e maciça nas redes sociais, anabolizadas pela mídia (televisão e jornais) deram resultados ampliando o contingente mobilizado.

Mas, me parece óbvio que nem todo mundo alias, a grande maioria ali presente não era golpista e nem de direita. Segundo pesquisas divulgadas após os eventos a maior parte dos que participavam votaram no Aécio Neves, eram brancos, universitários e de poder aquisitivo elevado.
Mas também é óbvio que quem convocou o ato e quem organizou tal movimento não o fez por amor a pátria e muito menos por um combate contra a corrupção. A direção do evento é sim de direita. Consciente e ativa tendo por núcleo um setor pensante da elite endinheirada paulista e paulistana.

Contudo não acho que essas ações devam surpreender aqueles que conhecem a história e sabem que as mudanças, mesmo tímidas e parciais, ao mexerem com privilégios de alguns causam reação. Chamar a classe média paulista/brasileira de reacionária também não explica e nem ajuda a enfrentar a questão. Afinal a maioria dos partidos ditos de esquerda é composta e/ou dirigidos por setores da classe da média. O PT nasce e é filho direto da Classe média e da classe média paulistana. Assim como o PSDB, primo destes, que tiveram o reforço historicamente recente dos mais endinheirados, quando a “esquerda” passou a ser alternativa real no Brasil.

Portanto considero que o ódio visceral que a classe média nutre atualmente pelo PT é baseado numa percepção de “traição” que este seguimento acredita ter sido patrocinado pelo Partido de Lula. O PT nasce criticando tudo que havia na política. A direita e a esquerda tradicional e histórica. Brandiu a bandeira da ética. Chamou todo mundo de ladrão! Cunhou através de seus lideres o imbecil termo “quercismo” simétrico ao “malufismo” no afã de se mostrar diferente de tudo.

Renegou alianças e alicerçou-se no sonho de melhorar a vida da classe média e elevar os pobres a esta condição. Até hoje se vê a Presidenta regozijar-se, aqui e acolá, dizendo que o Brasil é o país da classe média.

Ao ver que as coisas não eram bem assim. Ao perceber quadros e militantes históricos da legenda se envolvendo em falcatruas das famosas “consultorias” e “lobbys”. Praticando coisas que criticou a vida inteira e além do mais não resolvendo problemas como o desenvolvimento do país. A reação deste setor se explica. A oposição e a direita que é forte no Brasil. Tão forte que nunca perdeu no primeiro turnos as eleições, coisa que nós perdemos por duas vezes consecutivas. Aproveitando-se da situação, dos nossos erros e evidentemente busca retornar ao poder central da forma que der. Tentou a eleição, usando de todos os atributos e ardis possíveis para nos derrotar não conseguindo apela para outro expediente.

Mas, bem é assunto para o próximo artigo.

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