Minha opinião

Os acontecimentos do fim de semana passado corroboram algumas impressões que eu tenho. Na verdade vejo uma conjunção de fatores que me parecem estão sendo desprezados por quem governa o país. Ou seria dificuldade de enxergar mais longe a partir de uma concepção equivocada do que representa o sistema capitalista e seus tentáculos?

Parece óbvio que o movimento dos descontentes com a vitória de Dilma atingiu seu ápice na tarde de ontem em São Paulo. Afinal foram meses e meses desde o período final do 1º turno que as noticias negativas enchem as telinhas de TVs e os “Dials” dos rádios de automóveis, muitos destes comprados, a partir da chegada de Lula à presidência.

É muita pancada, ninguém e nada resiste a isso sem um enfrentamento mais duro. São 24 horas que o canal pago da Globo News utiliza para atacar o governo e o Brasil, a CBN rádio do mesmo grupo não dá trégua a nada e nem a ninguém que se aproxime ou seja do PT. A crise e os equívocos na área econômica são alguns dos combustíveis utilizados entre tantos.

Mas é fato que a base social deste “movimento” orquestrado pela mídia ensandecida contra a Dilma e o PT são os eleitores que votaram contra eles já no dia 06 de outubro e ainda no segundo turno das eleições presidenciais. Fato é que essa turma tinha certeza de que a Dilma, não ganharia no 2º turno. E a vitória apertada colocou mais lenha na fogueira. Pois a nossa cultura de disputa em qualquer campo é sempre arrumar uma desculpa quando perdemos por pouco. Até quando perdemos por 7 x 1 como ocorreu na Copa, corremos para arrumar desculpas que nos tire a condição de pensar e refletir. Herdamos dos portugueses este estilo de buscar a culpa e responsabilidade sempre nos outros.

Pois bem, no caso da derrota sofrida pelas elites nas eleições passadas, os “culpados” da vez foram os pobres, os nordestinos, os consumidores do bolsa família, tratados como vagabundos e oportunistas e isso virou um espécie de “mantra” da classe média paulista e paulistana, em sua maioria reacionária, sem nem saber por que. Xingamentos e ameaças passaram a ser comum e o que é pior e temos que admitir é que a classe média forma opinião entre os pobres aqueles que sonham em melhorar de vida e assim se tornarem classe média, que reproduzem certo hábitos, movimentos e até palavras de ordem. Se aparece na TV então, é uma beleza. Assim foi o público de ontem. Não foi só classe média e nem foram só golpistas. Muitas delas nem sequer sabem distinguir o que é ser de direita e o que é ser de esquerda.

O PT e os Partidos sérios que ainda querem promover as mudanças têm que entender isso! Chamar mobilização a favor do governo é justo e necessário desde que tenhamos uma postura ampla. Querer hegemonizar artificialmente e colocar todo mundo como sendo petista é um erro gravíssimo. Já era quando o PT era o partido da moda. Agora então é um desastre de dimensões imensas.

Ampliar para garantir a manutenção do governo penso que é a necessidade.

E o governo precisa corrigir-se. Sair das “cordas” e tomar a iniciativa política. Cada declaração de Ministros, próximos ao Palácio, é uma temeridade. As vaidades e o personalismo fazem muitos deles não enxergarem um palmo adiante dos narizes. Atender as demandas sociais. Atrair o movimento social organizado e politizado que não seja subserviente e omisso é muito importante. Carimbar as críticas como toda ela sendo apenas da oposição é um erro.

Ir para TV, fazer pronunciamento a toda hora, num ambiente deste é uma insensibilidade. A revolta é grande e é real. A opção é radicalizar, produzir as reformas política e da mídia e ir para o confronto, ampliando e radicalizando. Mas o risco de perda é real e será que aqueles que estão no governo terão coragem de arriscar?

As vezes a militância atônita amaldiçoa a escuridão sem tentar ao menos acender uma vela!

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