Soberania da América

A temperatura dispara na América Latina ao compasso do noticiário de seus oligopólios. As manchetes de grandes empresas assumem o papel de agitador social, divulgando o caos, a desordem e palavras de ordem contra o que considera “regimes autoritários”. Da Venezuela à Argentina, passando pelo Brasil, na Bolívia e no Uruguai. A célebre frase de Shakespeare ilustra bem a manipulação dos fatos: há algo de podre.

 Na morte de Alberto Nisman, o promotor argentino que investigava a suposta relação escusa do governo de Kirchner com o Irã, o Grupo Clarín de Comunicação foi ávido pela pré-condenação pública da presidenta. Suas reportagens tendenciosas mostravam Cristina como envolvida dos pés à cabeça no suicídio do promotor e sem uma única prova.

O clima de instabilidade democrática na América do Sul, provocado de forma agressiva como na Venezuela, tem repetidamente o dedo das forças golpistas. É o que ocorre com Henrique Capriles, uma das vozes que se ergue para desconstituir o governo de Nicolás Maduro através de sucessivas manifestações fascistas. É o mesmo que ocorreu em Honduras, Paraguai, Bolívia e Equador. O presidente Rafael Correa chegou a ser sequestrado em 2010 por um grupo militar contrário a sua gestão.

Até o recém-empossado Tabaré Vasquez, vencedor do pleito uruguaio, se vê diante da pressão pelo capital financeiro internacional de acenar com ajustes fiscais para prosseguir na reta do crescimento.

A América do Sul é estratégica na geopolítica pelo bloco que se forma com os países de governos populares, tornando-se assim resistência contra a hegemonia de outras nações. Não é à toa o que ocorre no cenário brasileiro, com a chegada do segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff.

Aqui, as eleições de 2014 continuam no simbólico. O resultado ainda não foi digerido pelo lado perdedor que, a todo custo e com grande suporte da Grande Mídia, opera pela blindagem de FHC e pela desestabilização do Governo legitimamente eleito. Impera o silêncio sobre a sonegação de impostos de milionários através do HSBC, sem esquecer da capa fantasiosa da revista Veja na eleição do segundo turno. Nunca se inclinou tanto o noticiário.

Desta forma, inocentam grupos políticos amigos e promovem uma onda de intolerância e rejeição ao campo popular, arremessando a classe média contra as forças de Esquerda e aliados, promovendo uma onda de rejeição. Aos poucos, formam uma base social cega e golpista, sem critérios para ir às ruas. Este pensamento faz do comando do país um jogo de “custe o que custar”, inclusive, a democracia. O alvo não é a luta contra a corrupção ou a ampliação do regime democrático, mas uma disputa pragmática e golpista.

A pluralidade de ideias é o maior obstáculo para o campo conservador e é nela que devemos nos apoiar. Precisamos ir às ruas com uma pauta que defenda as liberdades individuais, a legitimidade do Governo, a luta democrática. Que reforce as investigações em curso e exija respeito ao voto da maioria dos brasileiros.

Atos tomarão as principais capitais nesse debate de ideias. Uma batalha que só tende a aprimorar a nação em seu campo mais forte: o popular. Uma voz pela soberania do Brasil e dos demais países da América Latina. Chegamos ao capítulo de nossa História onde o atraso, uma vez mais, será confrontado. Talvez, aí, abandonemos de vez o questionamento do que queremos ser. Ser ou não ser uma República de todos, eis a questão. O povo trabalhador responderá nas ruas.

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