Clareza de lado para retomar a ofensiva

Os meios de comunicação acabam de divulgar que o senador Agripino Maia (PFL-Rn) está envolvido, junto com outros próceres da direita, num mega esquema de corrupção no Rio Grande do Norte.

Os mesmos veículos informam que a maioria dos deputados da nova CPI da Petrobras recebeu dinheiro de empresas investigadas na operação lava-jato. E também informam que o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, agora delator, declarou à polícia federal que recebia propina desde 1997, ou seja, desde o governo FHC, sem nunca ter sido "incomodado".

Esse mesmo delator já disse que passou dinheiro para os tucanos e outros políticos de distintos partidos. Mas também disse, recentemente, que o gigante de automóveis Rolls-Royce participava do esquema de corrupção e que os Bancos Suíços colaboraram nos desvios de recursos da corrupção que ele e seus parceiros amealharam.

Informações semelhantes já haviam sido prestadas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, e convertido a delator mor do esquema de corrupção. Esse inclusive de maneira enfática, ao afirmar na CPI que esse esquema atravessou todos os governos e que deu propina ao presidente do PSDB para que ele esvaziasse a CPI.

Tais informações deixam claro o caráter endêmico da corrupção nas sociedades capitalistas, como, aliás, demonstrei no artigo "Onde está o dinheiro da Corrupção?", publicado neste mesmo espaço.

Os fatos só confirmam essa assertiva.

Isso, todavia, não pode levar as forças progressistas ao pragmatismo de achar que isso é normal e procurar justificar a bandalheira revelada por delatores – históricos usuários e beneficiários desses esquemas – sob o pragmático argumento de que sempre foi assim e no governo da direita era ainda pior, como os fatos vem revelando.

Não interessa. Jamais se poderá ficar passivo diante disso e muito menos não esboçar indignação a essa abjeta conduta de funcionários e diretores que, aliás, eram todos de carreira. Mas é preciso, igualmente, não confundir apuração rigorosa com desmonte do país e da maior empresa brasileira, precisamente a Petrobrás. O caos interessa a direita que além de trabalhar abertamente para construir um golpe – institucional ou militar – tenta desmoralizar a Petrobrás para tentar, novamente, privatizar a empresa e assim e assim assegurar que seus vultosos lucros irão aumentar ainda mais o patrimônio de seus empresários americanos.

As notícias diárias procuram apresentar o Brasil numa absoluta situação de caos, em sintonia com a tática que a CIA (Central de Inteligência Americana) elaborou para a direita executar, não só no Brasil, mas em todo o continente, como se pode constatar pelo que “surge” diariamente dos países vizinhos, como Venezuela, Argentina, etc.

Esse cenário não pode ser alterado com a vulgarização dos fatos, tampouco negligenciando a investigação e punição dos culpados e muito menos tendo ilusão de que a direita tem algum propósito sério nessa pseudo cruzada moralista. Seu objetivo é o golpe, a mesma tática que adotou em 1964.

Mas, para resolver o impasse, é preciso mais do que encarar os fatos. É preciso retomar a ofensiva política, o que só será possível com a mobilização popular em torno de pautas progressistas, que traduzam velhos anseios de melhoria real para o povo.

Nesse momento, ter clareza de lado e trabalhar com uma pauta que mobilize o povo e lhe assegure ainda mais conquistas concretas é a única forma de conter a direita, desmoraliza-la e retomar a ofensiva política

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