Conciliação com PSDB é oportunismo e capitulação

A oposição neoliberal e conservadora, em conluio com a mídia monopolista privada, trabalha afanosamente, dentro e fora do Congresso Nacional, para criar um ambiente de instabilidade política e ingovernabilidade. Uma ação política golpista visando ao impeachment ou qualquer outra forma de deposição da presidenta da República.

Nesse quadro, em que a primeira palavra de ordem das forças progressistas e de esquerda é resistir e lutar, soam esdrúxulos, estapafúrdios mesmo, os apelos à conciliação entre o PT e o PSDB, que supostamente deveriam ser feitos a partir de conversações entre os ex-presidentes Lula e FHC. Se for apenas ingenuidade, manifestação de otimismo beato à moda do Dr. Pangloss, menos mal, mas se a proposta se baseia na consideração de que ambos os partidos são forças complementares, e não antagônicas, estaremos diante de perigosa manifestação de oportunismo, funcional aos interesses dos golpistas.

Mesmo que bem intencionada, a sugestão de uma conciliação entre o governo e a oposição parte de uma avaliação falsa sobre o que foi o governo de FHC, qual o caráter do PSDB e seu programa para o país. O governo de FHC não desempenhou papel positivo na evolução econômica e política do país, como pretendem os defensores da tese da conciliação. A solução dos graves problemas nacionais não radica no aproveitamento do “bom legado” daquele governo, que se agregaria ao de Lula e do primeiro mandato da presidenta Dilma.

Não foi por mera retórica que a esquerda cunhou a expressão “herança maldita”, mas porque de fato, durante dois mandatos o ex-presidente e seu partido levaram a efeito em toda a linha uma política ruinosa aos interesses nacionais e populares.

Foi uma era de estagnação econômica, bancarrota financeira, depreciação real dos salários, desemprego recorde e endividamento ao nível da insolvência. Tudo isso como resultado do neoliberalismo à outrance, que produziu resultados devastadores não só no Brasil, como nos demais países latino-americanos onde o decálogo do Consenso de Washington foi aplicado à risca. No plano diplomático, FHC atrelou o Brasil aos EUA e à União Europeia. E na política, as tendências antidemocráticas foram manifestas, a tal ponto que o jurista Celso Antônio Bandeira de Mello designou o governo do sociólogo da Sorbonne de “ditadura dos punhos de renda”. Foi também o governo dos escândalos de corrupção, a despeito dos engavetadores de plantão.

O governo de FHC alienou na bacia das almas o patrimônio nacional, com as privatizações de estatais a troco de moeda podre, de selvagem abertura da economia e desregulação financeira, jogando todas as fichas no cassino do fluxo maciço de capital especulativo externo.

Quanto ao PSDB como agremiação político-partidária, os fatos da conjuntura estão aí a desmentir a tese de que a polarização com esta força é artificial e está circunscrita às fronteiras do estado de São Paulo.

O enfrentamento eficaz dos grandes desafios nacionais exige resistir e lutar contra o golpismo do PSDB e as pressões conservadoras e neoliberais de que esse partido é instrumento e porta-voz, e avançar na realização das reformas e mudanças estruturais democráticas. O Brasil não se tornará uma nação efetivamente democrática, soberana e justa se não houver clareza de quem são os verdadeiros inimigos a enfrentar e derrotar. A conciliação com estes é capitulação à sua ofensiva antidemocrática e antipopular.

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