Désolé, je ne suis pas Charlie!

Os terríveis atentados que vitimaram várias pessoas na França mobilizaram as atenções, corretamente, da comunidade internacional. No maior e talvez mais graves deles, 12 pessoas morreram, em ato violento contra o jornal satírico, de gosto duvidoso, “Charlie Hebdo”, na quarta feira passada. A mobilização dos franceses foi intensa e imediata. A repercussão mundial gerou debates intensos, e como é de se esperar, despertou paixões, acirrou posições e ânimos.

A correlação de forças mundial é amplamente desfavorável à verdade. A mídia mundial se une, como um partido monolítico e totalitário e define o que é “certo” e “errado”. Torna senso comum o que é fanatismo, radicalismo e terrorismo. Na verdade preconiza de forma sutil e permanente a intolerância! Massifica o ódio e transforma em opinião dos oprimidos a defesa de valores dos opressores. A luta é titânica diria um velho amigo!

É óbvio ululante que a atitude destes loucos é um “tiro no pé”. Ações como estas terminam por agir de forma contrária aos objetivos. Por isso que o terrorismo enquanto forma de luta política está historicamente superada. Assim como a verdade é a primeira vitima da guerra o fim da privacidade é a maior e principal vitima de atentados como estes. Abre espaço para a difusão de “mulçumanofóbia” que já é crescente no mundo ocidental e mesmo no continente africano. Não se lê no Islã, nenhuma referência que sirva de incentivo a esta atitude. Como de resto também na bíblia cristã não existe nada que justificassem as cruzadas e nem as torturas da inquisição.

Mas a luta é dura! Quem não usa corretamente a cabeça corre sério risco de tê-la cortada.
No caso do atentado, dada às circunstâncias da Europa de hoje, confusa, em crise e sem alternativas progressistas batendo a porta, será um combustível para a extrema direita que já quer tornar o fato, uma guerra entre dois “fundamentalismos”.

Mas eu, embora condene veementemente o atentado não posso nunca concordar com o conteúdo provocativo e chulo, do “Charlie Hebdo”! O “jornal” tinha como linha editorial, e pelo que consta manterá esculachar todas as religiões, menos o judaísmo (sabe se lá por quê?). O semanário atacava ocasionalmente o catolicismo, mas concentrava sua “ira” contra o islã!
A publicação nunca escondeu o fato que continuaria provocando os mulçumanos com “blasfêmias” ao profeta. A maior parte dos mulçumanos estavam com raiva, mas ignorou os insultos. Surgir alguns mais radicais era questão de tempo.

Quer dizer que a liberdade de imprensa é para isso? Insultar, caluniar, fazer chacota, ridicularizar crenças e fés? Liberdade de expressão tem que servir para prejudicar, pré-julgar e atacar, agredir?

Na esteira desta visão, surgiu o humorista cearense global, Renato Aragão, reclamando que antes os negros, pobres e feios não ficavam chateados e nem ofendidos por piadas preconceituosas e racistas. Pois é o avanço da consciência incomoda!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor