Começar de novo

A vitória da presidenta Dilma assegura 16 anos ininterruptos de governos de centro-esquerda no Brasil e sinaliza, ademais, a possibilidade de outras vitórias do nosso campo.

Some-se a isso o fato de que a America do Sul tem elegido predominantemente governos de centro-esquerda e que a organização do Brics vai criando, objetivamente, um novo polo de poder não submisso aos interesses do império americano e é fácil compreender porque a direita no mundo e no Brasil em particular reage tão furiosamente contra mais essa vitória das forças progressistas.

De nossa parte os dados são claros. Não alcançamos as metas estadual e nacional, embora dentro de certa margem de probabilidade e podendo, numa análise otimista, até mesmo relativizar essa derrota pela conquista do 1º governador comunista em toda a nossa história. O que não é pouca coisa. Passamos a integrar o seleto grupo de partidos que elegeram governadores. Nossa interlocução nacional será necessariamente de outro nível. Apenas 9 partidos, dos 32 existentes, tem esse privilegio.

Mas não nos deixemos cair em tentação! É preciso tirar consequências, extrair lições de nossa derrota que, a meu modesto modo de ver, são bastante claros. Registram problemas de natureza tanto estrutural quanto conjuntural.

Dentre esses problemas creio que se destacam a diminuição da nossa área de influência tradicional, em decorrência da alteração do campo de atuação oposição – situação; a redução da área de influência do governo Dilma; certa unidade das forças de direita, que passaram a aceitar passivamente a liderança do PSDB no comando do processo, inclusive aceitando uma chapa “puro sangue”. E, sem dúvida, certa ilusão de classes por muito de nossos operadores, acreditando que gestos de boa vontade podem tornar a direita menos beligerante. Pura ilusão. É da natureza da direita a radicalidade de sua luta, não medindo consequências e nem selecionando métodos. Recorre ao que for mais eficiente conjunturalmente, variando de golpes a simples assassinatos dos adversários.

De nossa parte é urgente perceber e tomar medidas acerca do relativo esgarçamento partidário, no geral com pouca influência de massas e dirigentes intermediários pouco vinculados a vida real da sociedade que pretende representar.

Aspecto da maior importância e urgência, porem, é conter os arroubos golpista da direita e lhe tirar a iniciativa política, sem o que passaremos a ser pautados e permitiremos que os reacionários, golpistas, racistas e outros “istas” adotem uma tática e uma prática ofensiva.

Em médio prazo é imperioso enfrentar, de uma vez por todas, a democratização dos meios de comunicação e a reforma política, onde se vote em programas, ideias, e não no balcão de negócios em que se transformaram as eleições, sem o que a classe dominante continuará praticando a mais abjeta corrupção, desmoralizando a atividade política e mesmo comprometendo o processo democrático.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor