Paralelepípedo

Uma frase dita pelo advogado que defende o Fernando Soares, um dos acusados da operação “Lava Jato”, repercutiu enormemente na mídia brasileira.

O fato de um personagem utilizar os microfones de TVs para reverberar o que se diz no Brasil há décadas é típico, acredito, de um novo momento em que o nosso país deve entrar no que diz respeito ao trato com a questão da corrupção.

No que pese as tentativas da oposição, entendendo como tal, boa parte da mídia e setores do judiciário, em colocar como sendo coisa do atual governo e do PT. O inegável esforço de disputar um “virtual” terceiro turno bem definido pelo candidato a vice na chapa derrotada tucana, o tal do Aloisio Nunes. A situação merece reflexão daqueles que querem ver o nosso país forte e desenvolvido.

A esquerda, séria, ao longo de sua história tratou o tema, a meu ver, de forma secundaria.
Subestimando assim a força desta bandeira e os prejuízos reais que causam ao país. Deixando-a ser brandida, quase que exclusivamente, pelos setores de direita e conservadores. A corrupção foi e é introduzida no setor público pelo setor privado. Os capitalistas na sua disputa acirrada para ampliar seus lucros e ganhos exagerados, não titubeiam em encontrar em agentes públicos os “parceiros” para as suas falcatruas. E nós sabemos disso! No geral é isso que ocorre. Cartel para participar de licitações. Nesta “praça” ganho eu, naquela outra você ganha. E para fechar acerta uma “comissão” com os facilitadores envolvidos do outro lado dos balcões.
Esse esquema, me parece, existe no mundo todo. Vi exemplos de empresas, grandes corporações, do setor privado utilizando-se de expediente similar para ganhar concorrência e assim passar para trás, ao custo de corrupção, os adversários temporários. Isso, portanto, é coisa do capital que deve e deveria ser denunciado por aqueles militantes e quadros sérios e comprometidos com as causas populares e laborais.

Ocorre que parte dos que deveriam criticar e fazer oposição a tais atitudes. A quem caberia mostrar que é possível ser diferente e dar exemplo, acabou, e as vezes até iniciou ,já assimilando tais práticas em alguns casos até ampliando, tirando ou tentando tirar proveito, por vezes, das confianças, neles depositadas. Alguns inclusive construíram vitoriosas carreiras políticas alardeando a luta pela “ética” e a “moralidade”. Aliás, postura exageradamente critica de alguns, efetuadas antes de assumir postos de governos, seja no âmbito federal, estadual e principalmente, municipal, foi utilizada pela oposição como combustível para o ódio abundantemente incentivado entre vastos setores da população.

É possível e mais do que possível necessário enfrentar tal questão. Quem disse que para se construir uma obra só é possível seguindo tal caminho? Acredito que os governantes sérios e comprometidos, eleitos em outubro entre eles a Presidente, precisam de forma radical enfrentar tais questões. É claro que tal bandeira, vai ser tentada, como instrumento de ataques da direita e seus instrumentos contra os avanços conquistados. A imprensa vai tentar a todo custo colocar que foi no atual governo que a roubalheira aumentou. Mas cabe a quem tem coragem e compromisso, passar a limpo o nosso país deste ponto de vista ir até âmago da questão.

Só que para isso é preciso ter vontade e depurar-se daqueles que já aderiram até mesmo antes de chegar ao poder, tal conduta. Não, isso não faz parte da política como querem nos fazer crer.

Não existe governabilidade do ponto de vista dos trabalhadores e do povo que tenha que ser paga, com o esconder das falcatruas de governos anteriores. Reagir para salvar os nossos sonhos é fundamental para aqueles que ainda pensam no bem estar da nação e do nosso povo.

Não é possível viver e conviver com empresas que ganham bilhões, desviando recursos públicos que poderiam ajudar a reduzir, por exemplo, o nosso ainda estrondoso déficit habitacional. A Reforma Política justa e democrática, pretendida pelo governo e reclamada pela nação, pode ajudar e muito doravante, contudo urge combater e criar mecanismos para coibir tais práticas e investigar, julgar e punir severamente os envolvidos.

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