Independência de Angola, 39 anos

No ultimo dia 11 de novembro comemorou-se, no país amigo, trinta e nove anos de libertação do julgo português.

A guerra da independência de Angola foi à verdade uma terrível luta armada pela libertação nacional. De um lado as Forças Armadas lusas e do outro uma frente composta por UPA/FNLA, MPLA e, a partir de 1966 a Unita.

Para o MPLA, a guerra teve início a quatro de fevereiro de 1961 , quando um grupo de cerca de duas centenas angolanos mplistas, atacou a Casa de Reclusão Militar, em Luanda, a Cadeia da 7.ª Esquadra da polícia, a sede dos CTT e a Emissora Nacional de Angola. No entanto, para Portugal e para a FNLA, a data é 15 de Março do mesmo ano, data do primeiro ataque das forças de Holden Roberto a UPA, na região Norte de Angola. A guerra prolongar-se-ia por mais 13 anos, terminando com um cessar fogo em Junho (com a UNITA) e Outubro (com a FNLA e o MPLA) de 1974. A Independência de Angola foi estabelecida a 15 de janeiro de 1975 com a assinatura do acordo do Alvor entre os quatro intervenientes no conflito: Governo português, FNLA, MPLA e Unita. A independência e a passagem de soberania ficaram marcadas para o dia 11 de novembro desse ano. O Brasil foi então o primeiro país a reconhecer o independente país! Várias são as versões existentes para justificar a derrota de Portugal, mas sem duvidas a razão comum a todas é que Portugal sucumbia ante uma crise interna justamente com relação aos recursos destinados as suas forças armadas, que entre outros fatores produziu a Revolução dos Cravos, dando condições com a soma das condições políticas e crises econômicas, para as libertações das antigas colônias. Só que a complexidade da realidade de Angola, terminou por marcar indelevelmente a história dos 39 anos que nos separam daquele ano de libertação. A começar pela proclamação de independência. Tanto Portugal, que através do Governador Geral, representante do governo português e alto comissário, Almirante Leonel Cardoso, bradou: “E assim Portugal entrega Angola aos angolanos, depois de quase 500 anos de presença, durante os quais se foram cimentando amizades e caldeando culturas, com ingredientes que nada poderá destruir. Os homens desaparecem, mas a obra fica. Portugal parte sem sentimentos de culpa e sem ter de que se envergonhar. Deixa um país que está na vanguarda dos estados africanos, deixa um país de que se orgulha e de que todos os angolanos podem orgulhar-se". Imaginem isso depois de uma guerra cruenta e sangrenta que ceifou centenas e milhares de vidas. Também neste mesmo dia Jonas Savime, líder militar da UNITA, deu o seu grito particular de independência, em Nova Lisboa, capital de Huambo, deixando claro que o pior, talvez, estava por vim.

Logo após a esta data teve inicio a guerra civil angolana. Envolvendo as três forças principais MPLA, FNLA e, sobretudo a Unita. Guerra regular na forma, mas de guerrilha no conteúdo, destruiu boa parte do país e dizimou milhões de nativos. Encerrou-se em fevereiro de 2002 e até hoje deixou sequelas, se menos em termos políticos, mas sem duvidas forte no terreno social, até hoje é um dos países que mais minas ativas tem no mundo. É comum nas periferias ver-se pessoas amputadas e vitimadas pelas atitudes da guerra.

Também no terreno político e ideológico houve mesmo durante o período bélico transformações o MPLA-Partido do Trabalho, abandonou o Marxismo-Leninismo e buscou um caminho de aproximação ideológica com a social democracia europeia. Durante a queda do socialismo do Leste europeu, confirmou uma tendência, bem mais ao centro e procura hoje centrar sua estratégia no progresso e desenvolvimento econômico. Lá como aqui a oposição vocifera li e ouvi discursos que comparam o MPLA ao PT, Lula ao José Eduardo dos Santos, lá também o tema da corrupção é levantado com força pela oposição que é pequena e frágil. Nas ultimas eleições, por exemplo, tiveram menos que 15% dos votos elegendo uma magra bancada ao Congresso Nacional. A liderança do MPLA aposta num novo governo de Dilma como sendo a continuidade de uma ótima relação iniciada na gestão de Luís Inácio e penso que por conta de toda a nossa história de relação social, cultural e econômica com Angola, eles estão apostando certo.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor