A hora do trabalho

Avaliar uma campanha eleitoral com equilíbrio e tirar dela lições, me parece ser mais difícil nas vitórias do que nas derrotas. Além do mais se a vitória ocorre numa eleição disputadíssima e acirrada como a que se encerrou ontem, dia 26 de outubro. É necessário um tempo de maturação e “esfriar” a cabeça para melhor refletir sobre o conteúdo da disputa e tirar consequências.

Sem dúvidas, esta foi uma eleição em que se evidenciou de forma mais nítida, como as elites jogam duro e sujo para atingir seus objetivos. Nunca se viu tamanha ousadia na tentativa de jogar por terra, classificar como defeitos, as virtudes do governo da Dilma, no combate a pobreza, desigualdade e corrupção.

Há de se destacar que só por isso da à vitória ares de espetacular. Afinal nunca se viu tanta mentira, tanta disseminação de ódio, preconceito e principalmente intolerância. A atitude fascista do semanário “Veja” foi uma verdadeira agressão à democracia por todos os ângulos e em todos os sentidos. Se não fosse a pronta reação da candidata, e de parte dos Partidos aliados, que agiu com firmeza e determinação, forçando a justiça a tomar as medidas momentaneamente cabíveis, contra a “revista”, eles teriam logrado êxito. Destaco esta como a mais vil das tentativas, por conta da forma grosseira e agressiva de como a “noticia” foi montada. Nem sequer o criminoso confesso e seu advogado de defesa, confirmaram os absurdos, aliás, muito pelo contrário o advogado negou tais “afirmações” atribuída ao seu perigoso cliente.

Mas o resultado mostra também as nossas limitações, questões mais de fundo, precisam ser analisadas, com paciência e corrigidas com persistência. Ouvir ainda mais o povo, dialogar com amplos setores e principalmente liderar de fato, com vontade e determinação, o país para que as mudanças sejam efetivadas. A condução da política econômica, a articulação política, a relação com os movimentos organizados e sociais precisam ser mais permanente e republicana.

Esse negócio de só chamar durante as eleições, ou chamar durantes as eleições e na hora de fazer campanha não dá. É insuficiente! Os movimentos populares e organizados precisam ser parte integrante da elaboração política do novo governo. Ou seja, este novo governo deve se popularizar mais ainda. Isso, evidentemente, vai atrair a ira, mais uma vez, das elites e de parte da classe média, o que é inevitável.

Mas aí é que entra o papel dos partidos. As organizações partidárias, sérias, de esquerda, democrática e progressistas, precisam repensar seus papéis e suas atitudes e posturas.

O país não saiu dividido é óbvio. A Dilma teve votação no Brasil todo e principalmente a votação obtida na região sudeste em termos absolutos tiveram mais peso na vitória dela até do que o Nordeste que tem o eleitorado menor. Mas me parece óbvio também que a vitória sobre o Aécio no Norte e Nordeste, vai ser explorada pelas elites a exaustão, incitando o ódio e a divisão nacional.

O papel dos partidos, portanto, será fundamental, para assegurar a necessária unidade em torno das mudanças necessárias. A principal dela é a Reforma Politica, condições “sine qua nom”, para o País avançar e reter esta onda reacionária que visa destruir a política enquanto ferramenta de redução das desigualdades e democratização de oportunidades. Como se vê, o trabalho será grande e a luta também!

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