Das cordas, para o centro do ringue

O dia 29 de agosto de 2014 foi o marco da virada de uma tática eleitoral que, desde 2002, optou pela posição defensiva na relação dos governos Lula e Dilma com a oposição (partidária e midiática) e, por conseqüência, com a própria sociedade. Foi nesse dia que os tais marqueteiros (e demais militantes) ficaram sem chão após Marina Silva aparecer dez pontos à frente de Dilma, na simulação de segundo turno na segunda pesquisa Datafolha depois da morte de Eduardo Campos.

Precisou desse sacolejo do resultado da referida pesquisa para, a partir daí, finalmente sair de cena a figura caricata da Dilminha “paz e amor” para dar lugar a Dilma “Coração Valente” que não tem medo e muito menos foge do bom combate.

Se é bem verdade que Dilma tem fama de brigona em querer fazer bem feito seu trabalho, com relação à oposição seu governo sempre ficou refém de responder ataques diários. Ao invés de ir para a ofensiva e denunciar as manobras de uma oposição que usa e abusa dos métodos mais execráveis para lograr seus objetivos vis e, sobretudo, mostrar as imensas realizações de seu governo, preferia gastar tempo se justificando e desvencilhando-se das constantes cortinas de fumaça e outras cascas de banana lançadas pela oposição.

Defender o governo Dilma é papel da militância, seja nas ruas, nas redes sociais, ou nas suas mais diversas organizações de base.

Já o governo Dilma, tem como uma de suas principais funções, denunciar enfaticamente a ação desestabilizadora e até mesmo golpista de grande parte da oposição que não hesita em apelar para práticas criminosas, como constantes informações privilegiadas de dentro da Polícia Federal (não caberia um pedido de CPI para investigar essa banda podre da Polícia?), as constantes difamações veiculadas nos grandes meios de comunicação ou mesmo as práticas recorrentes do PSDB em tirar do foco do debate os grandes temas estratégicos para a nação em detrimento de baixarias. Não é a oposição que deve pautar o governo, mas, pelo contrário, é o governo democraticamente eleito pelo povo quem deve elaborar e imprimir sua pauta de ações.

A verdade é que nunca entendi bem a tática eleitoral adotada pelo chamado “marketing eleitoral” de Lula, liderado pelo Duda Mendonça. Se a projeção do Lulinha paz e amor era necessária em um determinado momento para quebrar o estereótipo carrancudo de um candidato projetado incessantemente pela grande mídia como o “sapo barbudo”, por outro lado a posição defensiva, quase permanente, impediu os seus dois governos de mostrar plenamente suas imensas realizações.

Felizmente parece que agora, com João Santana no comando do “marketing”, após Dilma assumir papel de frente em sua própria campanha, conseguiu sair das cordas daquele fatídico dia 29 para voltar ao centro do ringue, de onde só deve sair para subir ao pódio de primeiro lugar, de preferência no primeiro turno.

Espero que, mesmo depois de eleita, essa herança maldita de Duda Mendonça, seja definitivamente enterrada.

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