Uma roda de conversa que deu samba

Debater é preciso. Sempre. Em especial em tempo de eleições gerais, em que os destinos do país estão em causa.

Respirando ares democráticos, apesar de todas as imperfeições e distorções de nossa frágil democracia, multiplicam-se as instâncias de relacionamento entre as pessoas e de discussão de temas candentes. As redes sociais, inclusive, ganham força a cada dia, aparentando dispensar o contato direto, o diálogo presencial. Mas não é exatamente assim.

Vivemos agora no Recife, por algumas semanas, uma bela experiência de construção coletiva das ideias. Às terças e quintas, na Galeria Café Castro Alves, rolou uma “roda de conversa” que juntou em média 35 a 40 participantes, cabendo a mim o papel de mediador. Sempre uma discussão livre, aberta, sem roteiro prévio e sem a obrigatoriedade de conclusões definitivas. A palavra dada a cada um. Temas diversos: do combate à corrupção à reforma política; da mobilidade urbana à capacidade de investimento público; da cultura como expressão da alma de nossa gente e vetor de desenvolvimento econômico e da inclusão social à importância estratégica da educação pública.

Também questões políticas e teóricas relacionadas com a transformação da sociedade, as alianças eleitorais, a governabilidade, a transição em curso no Brasil – do modelo neoliberal imperante na Era FHC a um novo projeto de desenvolvimento nacional em formatação a partir dos governos Lula e Dilma. Diferenças programáticas entre os principais concorrentes à presidência da República – Dilma, Marina e Aécio.

Política, economia, história, arte, poesia – tudo deu samba. Inclusive uma reflexão sobre a busca da felicidade: fazer o que é correto e prazeroso como fator de felicidade pessoal e participar da luta política como caminho para a felicidade coletiva.

Dos poucos mais de trezentos participantes – professores, gestores públicos, estudantes, artistas, produtores culturais, pesquisadores, trabalhadores, ativistas sociais -, mais de duzentos compareceram ao coquetel de confraternização celebrado ontem, na Academia Pernambucana de Letras, antecedido de um breve debate acerca da seguinte pergunta: A “roda de conversa” deve continuar? Sim, foi a resposta uníssona, traduzida através de vários depoimentos, alguns deles emocionados.

Vamos prosseguir após as eleições – agora como parte da construção da seção local da Fundação Maurício Grabois, órgão de estudos e debates do PCdoB.

Certamente será possível fazer ajustes para melhorar mais ainda o bate-papo e isto será feito com a contribuição ativa dos participantes. Ontem mesmo a professora Tereza França, da Universidade Federal de Pernambuco, sugeriu que além do formato atual se faça também a “roda de conversa” itinerante, indo a lugares onde se concentram pessoas interessadas no bom debate.

Para entrar na “roda de conversa” é só querer.

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