Marina no Espaço

O programa de governo de Marina Silva (escrito a lápis, segundo Aécio) não fala nada do Programa Espacial Brasileiro. Dá indicações, contudo, de que vai seguir a linha de FHC. Só que foi ele que, entre tantas, entregou a Embratel para a empresa Verizon Communication, dos Estados Unidos, e assim torno o Brasil mais vulnerável na área das telecomunicações.

Desde bem antes, o Brasil comprou o direito de uso da série de satélites Brasilsat, que é fabricado pela empresa Hughes, americana, em conjunto com a Spar, canadense. Sua operação, no entanto, ficava a cargo da Embratel, uma empresa estatal brasileira, que entrou no circo das privatizações de FHC.

Para termos uma ideia do tamanho da encrenca, todos os “nossos” sinais de rádio, TV, telefonia, internet, tudo passa por ali. E, portanto, hoje estão nas mãos da Verizon. Haverá segredo nisso?

Para que tenhamos alguma autonomia na área espacial, precisamos ter um satélite, mesmo que alugado, e poder lançá-lo ao espaço. Por isso, o principal objetivo do Programa Espacial Brasileiro, hoje, é construir e lançar nosso satélite geoestacionário, que daria ao país o controle sobre informações de meteorologia, telecomunicações e tráfego aéreo.

Mas, para colocá-lo no espaço, carece de ter um foguete lançador, e é por isso que temos um acordo com a Ucrânia, assinado no governo de Lula. É uma parceria que prevê o repasse de conhecimento, o que é importante porque a Ucrânia domina essa tecnologia desde quando ainda fazia parte da antiga União Soviética.

Para jogar no espaço seu VLS (Veículo Lançador de Satélites), o Brasil vinha enfrentando sérios problemas, com pressões que vêm principalmente dos Estados Unidos. Os dois primeiros foguetes lançados na Base de Alcântara, no Maranhão, tiveram de ser explodidos no espaço, por desvios de rota, em 1997 e 1999.

O terceiro foi alvo daquela explosão nebulosa, lá mesmo em Alcântara, em 2003, ainda em terra, dias antes de ser lançado, em que morreram 21 pessoas, entre técnicos e cientistas brasileiros. Vários americanos estavam na base naquele dia, mas não se faziam presentes na hora da explosão.

Além das telecomunicações, há a parte de meteorologia, em que nós usamos as informações do sistema Goes, também americano. É bem-informado, com dados acurados, mas manipulável. Não nos esqueçamos de que foi um satélite desse mesmo sistema que mudou de localização no espaço na guerra das Malvinas, entre a Grã-Bretanha e a Argentina, colocando em parafuso os dados meteorológicos na região, inclusive no Brasil.

No caso, foi uma decisão do governo dos EUA, que colocou em operação seu sistema global, que é operado pela sua agência espacial, a NASA, com empresas privadas, que são a Hughes, Lockheed e Boing, principalmente. Era uma determinação de estado em favor da Grã-Bretanha, que as operadoras cumpriram com rigor.

Por fim, a parte do tráfego aéreo é setor em que o Brasil muito padece. Aqui, quase todo tráfego aéreo é controlado por torres terrestres. Mas há casos de “buracos negros”, especialmente na parte Norte da Amazônia brasileira, nas proximidades do Sistema Parima de Serras, onde está, por exemplo, o famoso Pico da Neblina, o ponto mais elevado do País.

As relações com os EUA e os países na União Europeia, que serão abrandadas, segundo Marina, passam pelo ato de entregar de vez o nosso sofrido caminho espacial a eles. Afinal, esse é um ponto em que essas ralações são duras.

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