As viagens de Colombo

Partiram de Palos de La Frontera no dia 3 de agosto de 1492, para um novo mundo. Novo para a Europa ocidental daquela época, pois nosso continente há muito tempo já estava ocupado por povos originários. Chegaram às ilhas onde hoje é Bahamas em 11 de outubro de 1942.

Assim iniciava a viagem mais importante do navegador genovês Cristóvão Colombo. Importante não só para ele como para toda a humanidade daquela época. Laurence Bergman, biógrafo e historiador norte-americano autor de outras biografias de personagens importantes da humanidade como Marco Polo, nos brinda com essa singular e monumental biografia do brilhante capitão do Mar Oceano.

As quatro viagens de Colombo para o novo continente o revelaram também como um ambicioso empreendedor. Seu intuito principal era chegar a Ásia – China e Índia – principalmente. A grande missão era encontrar ouro. Batizou os nativos de índios, numa ilusão de ter chegado ao país de tais habitantes.

Ficou naufragado aos 25 anos de idade na costa de Portugal. Nesse período conheceu navegadores experientes da Escola de Sagres. Fundada pelo Infante Dom Henrique, a instituição reunia cosmólogos, construtores navais e marinheiros. Lugar adequado onde Colombo se deparou com a principal embarcação da época: caravelas, um navio híbrido com velas redondas e latinas, que navegavam na direção dos ventos, e que levaram os portugueses a muitos cantos do mundo.As disputas entre os reis portugueses e espanhóis fez Colombo ir à Espanha. Os reis Fernando e Isabel iniciaram a partir da expulsão definitiva dos muçulmanos da península Ibérica em 1480 – fato que conferiu ao casal real o título de Reis Católicos – a missão de “atravessar o Mar Oceano até as Índias para tratar de negócios, de Deus e a expansão da fé católica”. Colombo foi nomeado para a nobre missão.

Se a primeira viagem contou com apenas três embarcações: Santa Maria, Pinta e Nina, a segunda contou com dezessete navios sob o comando de Colombo, e pasmem, nenhum acidente grave aconteceu durante os vinte dias de travessia oceânica, uma proeza para aqueles tempos.Tamanho investimento dos reis católicos na segunda viagem deve-se ao fato do relativo sucesso no “garimpo” de ouro no novo continente. A ordem real foi ocupar a região e colonizar os povos nele habitado.

A colonização foi violenta e impiedosa. É certo que os nativos das tribos lutavam entre si por domínio e sobrevivência, algo comum para uma grande parcela do mundo naquela época. Porém, o tratamento que os espanhóis deram aos autóctones do continente ocupado por eles foi brutal. Michele de Cunco, amigo de infância de Colombo e que fora com ele na segunda viagem por ser escrivão da esquadra, relatou a forma como tratou uma indígena pega como refém das tribos. Sua transcrição é um triste registro do primeiro estupro do colonizador europeu em terras por estes colonizados.

Assim a Espanha foi estabelecendo sua colônia de forma permanente e autossustentável com ações militares, comerciais, políticas e espirituais.

Colombo teve a ilusão geográfica de que a recém-descoberta ilha de Cuba seria uma península do continente onde estariam a China e a Índia. Um engano. O continente descoberto não foi o que o comandante esperava, mesmo assim naquelas novas terras trocou suas quinquilharias por ouro e prata do novo continente.

Na terceira viagem Colombo chegou mais ao sul, na península de Pária e Ilha de Margarita, que hoje fazem parte da Venezuela. Viagem inédita também pelas revoltas internas e motins.

Uma pertinência no livro diz respeito ao nome do novo continente. Colombo foi quem primeiro chegou por aqui, porém a América só ganhou este nome por deferência a outro navegador, Américo Vespúcio. Essa homenagem deve-se ao fato de Vespúcio ter trabalhado no Banco dos Médici em Servilha e, a convite do rei de Portugal, observou as viagens ao novo continente entre os anos de 1499 e 1500, mais tarde, portanto das viagens de Colombo.

Assim, o cartógrafo Martin Waldermuller publicou em 1507, o primeiro mapa mundial batizando a região como América, superestimando a iniciativa de Vespúcio. Quando ficou claro que as primeiras viagens de Colombo ocorreram antes de Vespúcio, já era tarde. Mais de mil cópias do mapa original haviam sido distribuídas. E não corrigiram o erro.

Ao fim da terceira viagem em junho de 1502, um comboio de 30 embarcações saíra do novo continente rumo à Espanha com uma pequena riqueza de 200 mil castelhanos de ouro. Em valores atuais seria algo em torno de 10 milhões de dólares. Ao sair da ilha de Hispaniola, hoje os países de Haiti e República Dominicana, a frota foi vítima de uma intensa tormenta. Vinte navios afundaram, dentre eles as embarcações que levavam valorosa fortuna aos reis espanhóis.

A quarta e última viagem ocorreu entre 1502 e 1503. Colombo, mais experiente, cruzou o Atlântico em vinte dias, mais uma proeza para a época. A ilusão de ter chegado à Índia ou China não saía da mente de Colombo. Nesta viagem aportou no continente centro- americano, onde hoje estão localizados Honduras, Nicarágua, Costa Rica e Panamá. No momento da chegada não encontrou nenhuma civilização, apenas mais de 11 mil Km de distância dali.

Colombo ficou náufrago e refém mais uma vez por sua tripulação. Mas sobreviveu e nas quatro viagens que fez a América jamais soube reconhecê-la como um novo continente. Morreu sem saber. Porém, a história o recompensou. Hoje, Colombo está em toda a parte do continente e é homenageado em esculturas, monumentos e memoriais. Sua grande façanha foi lançar bases para o novo mundo, a partir do velho.

Excelente biografia e instigante prestígio desta figura complexa e sonhadora. O livro sobre as viagens de Cristóvão Colombo merece nossa leitura e a consideração, a fim de conhecermos melhor a nós mesmos.

Resenha do livro " Colombo: As Quatro Viagens"

Autor: Laurence Bergreen
Editora: Objetiva
Número de páginas: 552
Ano de Lançamento: 2014

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor