Reacender esperança no futuro

A entrevista de Dilma segunda-feira no Jornal Nacional foi uma guerra de trincheiras, com posturas agressivas dos apresentadores e firmeza da Presidenta nas respostas, embora prejudicada pelas interrupções. Dilma saiu no lucro, dadas as condições.

Entre as respostas de Dilma, uma ficou pouco focada, pela pressão dos entrevistadores, exatamente na questão da saúde. Ela propôs um novo pacto federalista capaz de alinhar as responsabilidades da União, Estados e Municípios na efetivação das grandes melhorias em matérias como saúde e segurança pública, entre outras dos serviços públicos, que demandam pesados investimentos e uma institucionalidade apropriada.

Essa é uma resposta necessária ao espírito da maioria do povo, em especial nos grandes centros urbanos, que anseiam mais qualidade de vida em correspondência com o ascenso social formidável que se verificou na última década.

Isso vai reforçado com o reposicionamento geral das campanhas provocado pela morte de Eduardo Campos e a entronização da candidata Marina. A pesquisa realizada já na segunda feira está certamente contaminada pela comoção. Mas indica a tendência de um segmento abstencionista ter encontrado em Marina um vetor. Mas ela tem um nó estratégico em sua campanha: sinalizar capacidade de governabilidade e estimular o desenvolvimento, sem o que não há garantias sociais. Aécio, por sua vez, terá muitas dificuldades em enfrentar o novo quadro, malgrado a habilidade da mídia oposicionista abanar Marina para buscar um segundo turno e, ao mesmo tempo, desconstruí-la, se necessário, para força a presença de Aécio nele. Seu nó estratégico é que não fala às massas populares no social e, junto com Marina, incrivelmente, as respectivas assessorias econômicas apontam para um ajuste fiscal draconiano – “o Estado brasileiro não cabe no PIB”.

Já a presidenta Dilma chegou ao início da TV em vantagem nas pesquisas, além de ter se elevado em 6 pontos em um mês a aprovação dos brasileiros à sua gestão, e ter se observado uma queda de 6 pontos entre os que ainda avaliavam mal o governo. Tem muito o que mostrar, mas precisa alcançar mais fortemente o imaginário popular, com propostas renovadas que reacendam a esperança, o elã de futuro, e capacidade em comunicá-las.

Trata-se de proposições diretas, injeção na veia, para as grandes maiorias sociais perceberem que o que se semeou nestes anos permite e exige um salto, um novo ciclo de desenvolvimento e progresso, num grande programa de transformações econômicas e sociais. Para isso, será necessário organizar a disputa política em torno de um projeto de nação e a capacidade de governabilidade junto com um pacto que organize a disputa política do orçamento finito em torno das exigências de universalidade, capaz de promover a melhoria dos serviços públicos e a vida nos grandes centros urbanos. E, ainda, sinalizar a melhoria da qualidade da representação política no país.

As propostas, convicções e firmeza de Dilma, mais a base de apoio de que dispõe e o papel de Lula, são trunfos poderosos. A TV de que dispõe poderá alinhar o debate político no país e projetar uma nova vitória popular em outubro. Não, entretanto, sem o papel das forças sociais fundamentais em ação de campanha, diuturnamente.

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