Imponderável

Collor de Mello escreveu em seu livro, que eu concordo que as eleições, são compostas por três fatores. A ciência, a arte e o imponderável A ciência entende-se como os instrumentos, pesquisas, a técnica, planejamento, organização, estrutura.

A arte entende-se como a "politica". O feeling, a intuição, o talento, a competência de utilizar a politica como instrumento a favor de determinado candidato ou campanha.

E o”imponderável”, que no caso, a ele se refere, como a capacidade de diante do inusitado, utilizar-se dos dois elementos anteriores de forma que permita tirar proveito de forma positiva do inesperado.

Para tal ação é fundamental a experiência. O fato de ter vivido muitas eleições e vários casos “imponderáveis”, permite aos envolvidos vantagens que podem ser decisiva em favor deste ou daquele interessado.

O Collor utiliza, como exemplo o caso Lurian, filha do Lula, fora do casamento cuja mãe, ferida e sentida, com o abandono do ex, se dispôs a prestar depoimento na TV, para publicizar, sua ira e critica.

O “imponderável” aí foi o fato de aparecer tal fato na vida do então candidato Lula, que poderia ser utilizado, e foi. Assim foi decisivo para a derrocada de Lula, nas pesquisas 1989.

Evidentemente existem outros casos, que por vezes são até confundidos com fenômenos eleitorais. São coisas distintas. O “imponderável” é aquilo que não se esperava ocorrer e aconteceu. Os amadores choram, se desesperam, fogem e tremem.

Os profissionais, frios e experientes, tratam de analisar e tirar consequências do fato, procurando atuar nas possibilidades que podem se tornar realidade.

Assim ocorre com o desaparecimento trágico e inesperado do ex-Governador Eduardo Campos. Quadro capaz e principal liderança do PSB, Campos estava em terceiro lugar nas pesquisas e sua morte, passado o justo período de luto, pode embaralhar o quadro sucessório presidencial.

Os adversários do governo como eram de se esperar, saíram na frente. Capricharam nos editoriais e a grande mídia em especial a televisão. Explora a exaustão, como de costume, o episódio.

Faz com competência a passagem do politico Campos, para o mito e depois o santifica de modo que a escolhida, desde e sempre Marina, possa galvanizar o sentimento do eleitorado, que supersticioso e até certo ponto, manipulável rumo ao 2º turno e quem sabe a vitória contra a Dilma.

A construção do nome da Marina como candidata, foi iniciada, quase que simultaneamente, ao acidente e comprovação da morte. As imagens dela reclusa e orando parecia uma santa virgem e intocada politicamente pelos sujos que fizeram acordos com o Campos.

Afinal ela só não foi candidata, segundo a oposição midiática, porque o PT não deixou ela criar a Rede de Sustentabilidade. Aceitar ser vice de Campos, mesmo ele estando atrás nas pesquisas, também contribuiu para isso.

O proveito foi de tal forma tão bem ajustado, que mesmo o periódico " Hora do Povo" com suas manchetes lunáticas levanta dúvidas razoáveis sobre o acidente.

Mas o fato é que a reeleição sofrerá consequências do fato. E acho que não serão positivas para ela. A luta será maios e mais dura. Além do mais se Luiza Erundina for candidata a vice da Marina. Duas ex-petistas, com experiência administrativa, mulheres com discursos fortes e anabolizadas por uma possível comoção nacional.

Resta a Campanha de quem estar no governo, que ainda, tropeça no "salto" politize e ganhe as ruas. A campanha baseada no marketing atual tem alcance limitado e a busca para tirar "proveito" do “imponderável”, no caso aqui é mais difícil.

Dia 19 começa a TV, vamos observar.

Em tempo: Eduardo Campos, primeiro Presidente da Comissão Parlamentar Brasil-Angola, foi convidade por mim, por indicação do Aldo Rebelo para compor a diretoria da AABA.

Convite prontamente aceito, documentação enviada, conversas feitas e ações, muita ajuda que deixou, este que escreve muito grato, a amizade, carinho e o respeito.

Não foram reduzidas, pela divergência politica originada pela decisão de ser candidato a Presidência, aspiração justa e legitima, mas completamente fora de hora.

Descanse em paz amigo de Angola. As águias às vezes voam como Galinhas!

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