Solidariedade à Palestina exige condenação ao terrorismo israelense

No momento em que os palestinos mortos pelos ataques do regime israelense já são mais de seiscentos, o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas decidiu na última quarta-feira (23), contra o voto dos Estados Unidos, criar uma comissão de investigação das denúncias dos crimes de guerra de Israel. O Brasil votou a favor. O mesmo ocorrera depois da ofensiva que matou cerca de 1.400 palestinos entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

É sempre positivo que os órgãos das Nações Unidas tomem posição clara sobre a tragédia que se abateu sobre a Palestina, denunciem o responsável, o regime israelense, e avancem no sentido de punir os seus crimes. O problema é que o documento relativo ao massacre de 2008/2009 foi engavetado e nada assegura que a resolução aprovada agora não tenha o mesmo destino.

A questão de fundo é que há uma passividade da chamada comunidade internacional em face da tragédia palestina.

A pergunta que não quer calar é por que não se aciona o Conselho de Segurança das Nações Unidas, que segundo sua Carta Magna é o principal garantidor da paz no mundo e tem por obrigação fazer valer o direito internacional e a solução política dos conflitos, para pôr fim à agressão do Estado de Israel aos palestinos e punir severamente esse regime pelos crimes de lesa-humanidade que tem cometido. Rigorosamente, é disso que se trata, é isto o que é necessário e não chamados vazios a “ambos os lados” por um cessar-fogo. O que está acontecendo na Palestina não é uma guerra entre dois lados, mas um massacre unilateral e criminoso por parte de um Estado que se comporta como bandido contra um povo mártir.

Se da parte da difusa comunidade internacional há passividade, no que se refere às potências imperialistas, principalmente os Estados Unidos e a União Europeia, há uma verdadeira cumplicidade com os crimes do regime israelense.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que Israel está defendendo-se dos mísseis do Hamas, com o que legitima o bárbaro massacre. Obama repete o argumento clássico da diplomacia norte-americana e do consórcio imperialista-sionista, e que se transformou num mantra para legalizar crimes: o argumento de que Israel tem direito à “segurança”. Ora, todo Estado tem direito à segurança. Mas nenhum Estado tem direito ao garanti-la e fortalecê-la em detrimento da segurança dos demais, muito menos direito a cometer crimes, nem de negar o direito legítimo, no caso em tela, do povo palestino a constituir o seu próprio Estado nacional, soberano e livre da ocupação.

Obama e Netanyahu defendem um argumento surrado, repetido ad nauseam pela mídia controlada pelo sionismo, por jornalistas estipendiários a peso de ouro e por entidades plantadas em todo o mundo pelo regime israelense, travestidas de representantes da comunidade judaica, mas que efetivamente são agências de propaganda dos crimes de guerra de um Estado fora da lei. Na sua escalada, essas agências de provocação dedicam-se não só a apresentar os crimes de Israel como atos de “legítima defesa” contra o terrorismo, mas tratam de acusar de terroristas as comunidades árabe e palestina e os movimentos de solidariedade em diversos países.

É preciso dizer com nitidez e ênfase, e travar a batalha de ideias, contra toda tergiversação: o regime de Israel é o responsável pela escalada do banho de sangue na Faixa de Gaza, que foi transformada na maior prisão do mundo e no alvo de ações militares por terra, mar e ar, com uso de armas ilegais. Essas ações repetem-se intermitentemente, sempre que o regime agressor as considera taticamente necessárias nos marcos de sua estratégia colonialista e genocida na Palestina. Ao bloquear Gaza, Israel transformou o território em um campo de concentração submetido ao flagelo da falta de água, alimentos e medicamentos, com o agravante de que não há criança, mulher ou idoso que esteja a salvo desses atos criminosos.

Com toda a clareza, é necessário dizer – e também sobre isto fazer a luta de ideias – que a ocupação de Israel na Palestina tem caráter terrorista, é pontilhada desde a criação do Estado de Israel, por crimes de guerra. A usurpação de territórios, a sistemática instalação de colônias, a montagem de um sistema de ocupação colonial, a construção do muro de separação, a prisão de milhares de palestinos, o bloqueio – que hoje é à Faixa de Gaza mas amanhã poderá ser à Cisjordânia – são fatos a demonstrar que os palestinos se defrontam contra um inimigo que não respeita leis, nem princípios éticos, mas orienta-se exclusivamente pelo primado dos seus interesses geopolíticos em associação indissolúvel com o imperialismo estadunidense.

Assim, a motivação real do governo de Netanyahu para desencadear a atual ofensiva jamais foi garantir a segurança dos israelenses, como alega. Na atual onda de ataques, a motivação torpe foi impedir a formação do governo palestino de unidade nacional.

Por óbvio, como está fartamente demonstrado pela saga histórica da humanidade, toda ocupação encontra a resistência do povo ocupado, que dispõe – inclusive com o reconhecimento do direito internacional – do inalienável e indeclinável direito a resistir usando os meios que estejam ao seu alcance.

Disso dimana também o imperativo da solidariedade aos demais povos, às forças revolucionárias, aos governos progressistas e todos os amantes da paz. Faz parte desse imperativo condenar o regime israelense e puni-lo severamente. É justo apresentar a exigência de que esse regime seja isolado internacionalmente e que se rompam todos os acordos e tratados que, mesmo indiretamente, favoreçam seus atos agressivos.

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