Decime que se siente

Acabou a Copa do Mundo realizada no Brasil. Apesar dos ataques, críticas, mentiras deslavadas, sabotagens e torcida contra de alguns poderosos e de outros seguidores destes, apesar das tentativas da oposição de torna-la eleitoral, o evento foi um sucesso.

Demonstração inconteste do governo e do povo brasileiro de capacidade administrativa e de realização. Os números revelam uma Copa soberba. Até uma “máfia” que agia havia quatro Copas, no trambique dos ingressos, foi desbaratada no Brasil, pela policia brasileira e carioca. Os assaltos e crimes diminuíram para um terço e até os acidentes automobilísticos, comuns em festas, que como essa, se consome muito álcool, reduziu-se a 20% do que ocorreu, por exemplo, na Copa das Confederações ocorrida no mesmo período do ano passado.

A organização fora dos gramados deixou a todos satisfeitos. Os turistas que frequentaram as 12 cidades sedes rasgaram elogios. O povo brasileiro responsável, cordial e hospitaleiro, deram mostras ao mundo de civilidade e bom comportamento. Foram 30 dias de festas e comemorações. Os críticos dos aeroportos e mobilidade urbana foram “obrigados” a desdizer e reconhecer a nossa competência. O que se vê, e se viu, lê e ouve é que todos os que nos visitaram querem voltar e alguns até querem aqui viver. Neste quesito fomos aprovados com louvor, sucesso de critica, público e renda (sim, porque não?).

Dentro de Campo, se não foi a melhor Copa de todos os tempos, chegou bem perto. Foram fantásticos 64 jogos e 171 gols marcados. Os jogos foram emocionantes, um futebol na fase de grupos que marcou pela força ofensiva e pelo esforço em ganhar. O futebol apresentado por seleções não tradicionais empolgou a todos. Equipes como a da Costa Rica, Argélia e o Irã confirmaram a evolução do futebol no mundo globalizado. Nós somos o país do futebol e aqui parece que os deuses do esporte bretão abençoaram a Copa.

Vimos a temida Espanha levar uma goleada logo em sua estreia e acompanhamos o prenuncio em Salvador desta fantástica seleção alemã, que enfiou, logo de cara, quatro no atônito time português, do craque Cristiano Ronaldo. Veneno que depois provaríamos com gosto ainda mais amargo. A primeira fase foi espetacular!

Na fase seguinte, do chamado “mata-mata”, os gols foram, evidentemente, menores. Nessas fases qualquer erro pode ser fatal é natural que o jogo seja mais amarrado e mais “tático” do quê jogado livremente. Aqui mais uma vez, infelizmente , foi a “nossa” seleção, que resolveu, talvez por jogar em casa, quebrar a escrita e fazer um jogo inesquecível, pro bem ou pro mal, com 8 gols.

Mas se nesta fase os gols foram mais escassos a emoção foi redobrada. As seleções realizaram também dentro do Campo uma belíssima Copa do Mundo. E ao fim a melhor seleção ganhou o titulo. Com justiça o que nem sempre é comum, no futebol, deu a lógica. Melhor ataque, melhor defesa e melhor equipe conquistou a taça. Mas a Argentina, sempre valente e guerreira, jogou o suficiente para atemorizar os temíveis alemães. Quase estragando a festa da maioria dos torcedores presentes ao Maracanã que viram atônitos o Lionel Messi, ser “escolhido” o melhor da Copa, deixando o favorito e verdadeiro craque da Copa, Robben, de fora!

O resultado final, contudo, espelhou o que se viu durante o campeonato. As três melhores seleções ocuparam os três primeiros lugares. A Alemanha, campeã, deve influenciar, espero, o mundo do futebol com seus planejamentos, paciência e persistência. Para se ter uma ideia nos 100 anos de história da poderosa seleção alemã, que disputou nada mais nada menos que oito finais, só teve 10 treinadores. E o atual tem contrato até 2018! Um técnico a cada 10 anos e o resultado aparece. Quatro semi- finais seguidas e mais jogos do que o Brasil, mais gols e mais vitórias. Esta é a Alemanha, campeã no futebol, na simpatia e no “Lepo Lepo” baiano.

Quanto a “nossa” seleção devemos analisar com calma. A nossa equipe, fez uma campanha sofrível. Dependendo dos lampejos do maior craque do país não jogou nada. Contra a Croácia, a festejada defesa, já mostrou os “buracos”. O gol infantil, sofrido, de forma bizarra, logo na estreia, mostrou o nosso futebol. Não conseguimos ganhar bem de um time que foi goleado pelo México, que empatou conosco em 0x0. Depois jogamos contra Camarões, que, desclassificado, não tinha feito um único gol na Copa e o fez justamente contra o Brasil. Falha grotesca da zaga, novamente. Se não é o Neymar pra virar o jogo estávamos complicados.

Nas oitavas e nas quartas, passamos, por sorte, pura sorte, o futebol jogado, não correspondia ao apoio da torcida vibrante e estimulada por propagandas ufanistas ilusórias. Quando houve o desfecho, amplamente previsível, por aqueles, observadores atentos e honestos, logo ela, a imprensa, seguido pela cultura imediatista do futebol brasileiro, logo procuraram um culpado. Foi assim em 2006, quando muitos criticaram o então lateral/ala Roberto Carlos, por que ele estava arrumando os “meiões”. Em 2010, logo criticaram o Felipe Melo, que fez uma excelente partida, justamente, contra a Holanda, partida perdida, por falha do Júlio Cesar, que também teve sua vida marcada.

Agora, procura-se o culpado. Primeiro foi alvejado a comissão técnica, depois o Presidente da CBF. Romário, oportunista e sem caráter, saiu logo dizendo que eram os ladrões. Outros dizendo que a culpa era dos políticos, depois do Cristo Redentor e assim vai. Na verdade não foi a falta de estrutura e nem de planejamento, assim como não foi e não será o caráter dos dirigentes, responsável pelo mal futebol apresentado. Durante a Copa das Confederações todos estavam lá. Comissão técnica, CBF, Fifa, Dilma e etc. Ganhou-se e bem. A mídia alardeou que seriamos favoritos e os melhores do mundo. Setores da esquerda no país trataram de “patriotizar” a torcida pela seleção. No futebol ganha-se, perde-se ou empata-se.

Mas precisa jogar futebol. A zaga foi um fiasco, um meio campo não funcionou e o ataque foi sofrível. Felipão e Parreira, não conseguiram, fazer o time jogar. Aliás, ultimamente eles não têm feito muito pelo futebol, mas isso já é um outro assunto.

Registro ao fim um equivoco: O governo brasileiro, que organizou uma excelente Copa do Mundo, subestimou feio os adversários, a força deles, se apoiou num suposto atavismo telúrico e não defendeu o evento como deveria. Foram sete anos de trabalho, dos quais seis passou dormindo em berço “esplêndido”. Quando reagiu foi tarde! Agora é contribuir com uma política e um plano real e concreto que nos possibilite ( e ao povo, principalmente) capitalizar o legado dos Jogos Olimpicos de 2016.

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