Câmara Federal: um novo desafio

Passei toda a minha enfrentando e superando desafios. Tenho mais um pela frente: representar o Amazonas na Câmara dos Deputados, cuja honrosa missão me foi conferida ontem em convenção eleitoral do meu partido, que igualmente deliberou pelo apoio a Eduardo Braga do PMDB para o governo do estado, juntamente com os demais partidos aliados (PT, PDT, PTB, PP, PRB, PPL), dentre outros.

O PCdoB, embora tenha coligado para a Câmara Federal, apresenta chapa própria de Deputados Estaduais, repetindo a tática eleitoral de 2010 que se revelou eficiente. Em curto prazo esse desafio se estenderá a Câmara Federal. Preparemo-nos.

Não é simples a eleição de um deputado federal em nenhuma unidade da federação e muito menos no Amazonas, cujo coeficiente eleitoral é semelhante ou superior a de estados populosos, em decorrência da já reconhecida – mas não corrigida – distorção na representação das bancadas federais e estaduais dos estados brasileiros.

Mas, numa alusão à exitosa “copa que não ia ter”, ninguém pode querer ser campeão do mundo escolhendo adversários. A mesma regra certamente vale para a disputa de qualquer cargo eletivo. Por isso, não dar para se preocupar com os adversários, sejam eles repletos de qualidades ou de imperfeições, e sim como se poderá suplanta-los. Esse é o desafio atual. Nem menor, nem maior do que tantos que já enfrentei.

Aos 14 anos de idade organizei um Grêmio Estudantil e um jornal escolar; aos 17 um clube de futebol; aos 23 anos um partido político no Amazonas – o PCdoB – em plena clandestinidade. Seguimos em frente. Na década de 70, quando a ditadura ainda fuzilava adversários, reorganizamos o movimento estudantil do Amazonas, fundando o 1º Centro Acadêmico da UFAM, o CUCA da Agronomia. Em seguida articulamos a fundação do movimento de defesa da Amazônia (MDA) e da Associação Amazonense de Proteção Ambiental (AMAPAM), quando a luta ambiental ainda não era “moda”. Depois articulamos a criação do Pré-Enclat, movimento que deu origem a rearticulação das centrais sindicais, ao mesmo tempo em que me elegia CIPEIRO do INPA, onde então trabalhava. Nossa preocupação com a espoliação dos mutuários de então nos levou a fundar a Associação dos Mutuários do Amazonas e, finalmente, já nos anos 90, nos elegemos Deputado Estadual por 05 mandatos consecutivos.

Ao mesmo tempo, numa demonstração de que não há contradição entre prática e teoria, e sim a obrigatória complementariedade, escrevemos centenas de artigos polemizando os problemas sociais, escrevemos livros teorizando alternativas para a Amazônia e defendemos uma tese de doutorado sobre sustentabilidade na Amazônia, com ênfase na 1ª experiência da produção de bacalhau na Amazônia.

Aceitar dirigir a Secretaria de Estado da Produção Rural foi um capítulo a parte, pelo simples fato de que representava o desafio de reconstruir um setor que havia sido extinto por 8 anos. Enfrentamos mais esse desafio e apesar de um modesto orçamento de menos de 1% do orçamento do estado, conseguimos transforma-lo no setor de melhor avaliação do governo do Amazonas, segundo pesquisa CNI/Ibope (dez. 2013).

Todos esses desafios, porem, nem se comparam aos 13 tombos de motocicleta que sofri e sobrevivi sem sequer um osso quebrado, as 3 quedas de avião, as mordidas de cobra e as 5 malárias que contrai na selva amazônica.

Como se percebe, desafios nunca me intimidaram. A vitória ou derrota em qualquer um desses desafios depende de um conjunto de fatores. Nesse caso especifico, conta muito naturalmente a disposição e a qualidade do candidato, mas tem papel determinante a força e a determinação da militância e é nesse bravo partido de guerreiros amazônicos em que nós mais nos apoiaremos para assegurar mais essa vitória, ao povo do amazonas e ao glorioso Partido Comunista do Brasil.

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