A Internacional Capitalista

Um grupo de pessoas que juntas controlam US$ 30 trilhões (R$ 67 trilhões) em ativos globais – ou cerca de 14 vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil – se reuniu nesta última terça-feira (3), na cidade de Londres, para discutir o destino do sistema capitalista.

Em matéria divulgada pela BBC de Londres, o objetivo do seminário “Conference on Inclusive Capitalism: Building Value, Renewing Trust” (Conferência sobre o Capitalismo Inclusivo: Construindo Valores, Renovando a Confiança) foi “discutir ideias que ajudem a promover uma sociedade baseada no livre mercado, porém mais igualitária”.

Diante de uma brutal concentração de renda e uma incapacidade histórica de sequer garantir a sobrevivência de milhões de seres humanos, o capitalismo é cada vez mais questionado, inclusive no seio do próprio sistema. E é justamente essa a preocupação destes “bem intencionados” cidadãos, providos dos mais elevados valores morais e humanistas, em propor o salvamento do capitalismo em novos moldes. Propõem a refundação do capitalismo como a evocar uma Internacional Capitalista.

O desafio destes magnatas é refigurar a desgastada imagem do sistema distribuindo algumas migalhas aos povos. Nesse sentido, ensaiam algumas novas denominações ao velho capitalismo selvagem: capitalismo consciente, capitalismo ético ou capitalismo inclusivo aparecem como pomposas alcunhas propostas pelos líderes deste encontro, preocupados em “manter o apoio da opinião pública a uma economia de mercado”. Não se trata, em absoluto, de apoio às políticas voltadas ao Estado de Bem-Estar social, mas, longe disso, um jogo de cena ou a propaganda ilusória em torno da possibilidade em se despertar a consciência das empresas capitalistas a estarem “atentas a seu papel na sociedade e se empenhar em assegurar que os benefícios do crescimento sejam amplamente compartilhados, além de não imporem custos inaceitáveis de ordem ambiental e social”.

No fundo, a preocupação reflete a recente repercussão do livro lançado pelo economista francês, Thomas Piketty, que nada mais fez que mostrar que o capitalismo vem concentrando renda, em vez de distribuí-la.

“Tal como está, apesar do recente crescimento dos mercados emergentes, a economia mundial é lugar de extremos desconcertantes. O 1,2 bilhão de pessoas mais pobres do planeta respondem por apenas 1% do consumo mundial, enquanto o bilhão dos mais ricos são responsáveis por 72%. Segundo estudo recente, as 85 pessoas mais ricas do mundo acumularam a mesma riqueza que os 3,5 bilhões mais pobres. Uma em cada oito pessoas vai dormir com fome toda noite, enquanto 1,4 bilhão de adultos apresentam sobrepeso”. Por mais excêntrico que possa parecer esta afirmativa não foi feita por algum comunista. Pelo contrário, são as palavras de dois participantes deste evento, Paul Polman e Lynn Forester, dirigentes da Unilever e do E. L. Rothschild, respectivamente.

O sistema capitalista é posto em xeque por todos. A humanidade precisa reencontrar a única alternativa a esse regime senil, moribundo, que se recusa em sair de cena. O socialismo renovado é a única alternativa para os povos. A unidade dos trabalhadores (atualmente dispersos em um sem-número de bandeiras e palavras de ordem difusas e pós-modernas) em defesa do marxismo é a saída vitoriosa para a espécie humana galgar o mais importante degrau de sua curta, porém, impressionante história de evolução social. Da vida nômade à sedentarização. Do escravismo, feudalismo, capitalismo até chegar ao socialismo. A partir daí, novos desafios e novas superações, pois como disseram os dois capitalistas mencionados acima “ninguém prospera em um mundo onde um bilhão de pessoas vão dormir com fome e 2,3 bilhões não têm acesso a saneamento básico”.

Referências:

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/05/140527_seminario_renovacao_capitalismo_lgb.shtml

http://www.valor.com.br/opiniao/3563358/ameaca-capitalista-ao-capitalismo

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