A discussão deve ser já

José Pastore é incansável na defesa de seus pontos de vista. Às vezes essa tarefa lhe custa caro, principalmente quando ele se insurge contra a força dos fatos e dos números.

Isso aconteceu em seu último e longo texto no Estadão, contra a política de valorização do salário mínimo, negociada pelas centrais sindicais unidas e o governo e que (ele mesmo reconhece) tem produzido tão bons resultados na economia. Segundo Pastore, ela não deve continuar.

Não porque tenha procurado recuperar o valor constitucional do salário mínimo, mas porque ao incorporar a inflação passada, funciona como indexador na contramão da luta anti-inflacionária.

Vejam que contradição: para Pastore, a recuperação das perdas por conta da inflação deprime a produtividade. Ora, a reposição da inflação passada é mera corrida contra a perda e por si só não altera, de qualquer ponto de vista que se queira, a produtividade.

Mas Pastore vai além. Os próprios pisos estaduais, porque forçam os salários para cima, são um obstáculo, nos Estados que o praticam, ao crescimento da produtividade, que para o professor necessita de salários deprimidos.

Pastore advoga, corretamente e segundo os ditames da OIT, uma ampla negociação tripartite sobre o tema. Mas, como obra defeituosa, insiste em que ela (a negociação, que pode ser tripartite, mas foi bipartite) se dê em 2015.

Em 2015 seremos engenheiros de obra feita.

A grande discussão deve se dar desde já, na própria campanha eleitoral de 2014, quando serão eleitos os executivos e legisladores do ano vindouro.

Tomemos como exemplo os pisos regionais. Dependendo das eleições de governadores e deputados estaduais que ocorrerão em 2014, Minas Gerais e Pernambuco, por exemplo, continuarão a ser grandes Estados sem piso regional ou avançarão para se colocarem no pelotão que agrega Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro.

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