Direções municipais para além do improviso

No âmbito dos partidos políticos, tudo ou quase tudo agora gira em torno das eleições gerais de outubro. Cada um encara a empreitada a seu modo, tendo como objeto de desejo o voto. Com o PCdoB isto também ocorre, tamanha a importância do pleito no atual estágio da luta política no Brasil.

Disso se ocupou o 8° Encontro Nacional sobre Questões de Partido, realizado recentemente, dando especial relevo – ao lado de outras diretrizes igualmente importantes – à tarefa de construir, nas capitais e grandes cidades, em parcelas expressivas da população, a noção de pertencimento a uma corrente política identificada com suas necessidades e anseios. Nada a ver com “currais” alimentados pelo clientelismo e pelo uso desbragado do poder econômico. Tudo a ver com a elevação da consciência política e da fidelidade eleitoral, em áreas ou segmentos (“redutos”) de atuação permanente.

Não é tarefa simples. Requer rede de Organizações de Base, articulada mensalmente através do Fórum de Quadros de Base, e um comando bem orientado, coeso, respeitado e ágil: o Comitê Municipal.

Claro que a vitória eleitoral é o objetivo imediato, irrecusável; recebe aqui todos os grifos; sobre o que não cabem dúvidas e não se pode perder o foco. Mas na campanha, o PCdoB agrega à conquista do voto outras intenções relativas à própria construção do Partido como força política autônoma, guiada por seu Programa e por uma linha organizativa que projetam, em cada embate, propósitos de natureza estratégica. Em outras palavras: o PCdoB busca o êxito eleitoral de agora como parte do acúmulo de forças em função de seus objetivos programáticos.

Assim, o Comitê Municipal é chamado a superar os limites do imediatismo estéril e do improviso inconsequente.

Isto quer dizer formatar o plano de campanha, acompanhar a sua execução e avaliar resultados em cada fase. Estipular metas de votos e de novas filiações; capacitar militantes (via Curso do Programa Socialista) e inseri-los plenamente na vida do povo – com um olhar em outubro e o outro no pós-eleitoral, quando prosseguirá a luta pela hegemonia em cada lugar.

Daí a necessidade de examinar a situação concreta com objetividade e critério. Identificar as demais correntes em presença; a dimensão das candidaturas concorrentes e adversárias; as reivindicações mais salientes das parcelas ativas da população; as questões polêmicas que influenciam o comportamento dos eleitores; a abrangência e o poder de mobilização das entidades de massas existentes – corporativas, comunitárias, estudantis, esportivas, culturais e recreativas -; a capacidade aglutinadora de igrejas e sua inclinação política. Enfim, fatores favoráveis ou ameaças que desenham a correlação de forças em que se trava a batalha eleitoral.

Conforme a situação, adotar orientação tática – em sintonia com a disputa presidencial e estadual -, de modo a explorar o diferencial dos candidatos comunistas, demarcar campos com a direita e conquistar todo apoio possível.

O Comitê Municipal, desse modo, ganhará maturidade e musculatura, capacitando-se a abordar a peleja eleitoral – articulada com os movimentos sociais e a luta no terreno das ideias – em nível elevado.

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