Um convite a reforçar a Rede em Defesa da Humanidade

Em pleno feriado da Semana Santa, participamos, a convite da amiga e companheira de lutas Marília Carvalho Guimarães, de um singelo encontro no Rio de Janeiro, que teve como figura central o escritor e ex-ministro da Cultura de Cuba, Abel Prieto, distinguido intelectual que faz parte da equipe do presidente da maior das Antilhas, Raul Castro.

Durante toda uma tarde, Prieto nos falou sobre os desafios atuais de Cuba, imersa no processo revolucionário de renovação e aperfeiçoamento de seu modelo econômico, uma nova etapa na construção do socialismo que revolve o conjunto da vida social e mexe com mentalidades e culturas.

O intelectual cubano convidou-nos a reforçar a Rede de Redes em Defesa da Humanidade (REDH), a partir da preocupação com o rumo suicida que a sociedade atual está tomando, o que se expressa no aprofundamento da crise sistêmica do capitalismo, na degradação das condições de vida dos povos, no desequilíbrio ambiental, nas ameaças à paz e à segurança dos povos. Conclamou especialmente à solidariedade com a Venezuela bolivariana, no alvo de uma campanha de desestabilização movida pelo imperialismo e as oligarquias locais.

Para o escritor cubano, que fez um interessante relato sobre como e quando surgiu a Rede, é preciso congregar em todo o mundo pessoas que rechacem esta ordem mundial.

A REDH surgiu a partir de um encontro do líder histórico da Revolução cubana, Fidel Castro, em 2003, com intelectuais mexicanos, quando Pablo Gonzalez Casanova fez um chamamento pela Paz diante das ameaças de guerra ao Iraque, durante uma atividade que reunia escritores cubanos e mexicanos. Casanova é um destacado cientista social e escritor, ex-reitor da Universidade Nacional Autônoma do México, condecorado pela Unesco em 2003 com o Prêmio Internacional José Martí e membro honorário da Academia Mexicana de Letras. Foi quem idealizou a Rede de Redes em Defesa da Humanidade, como movimento de opinião e de ideias, iniciativa abraçada por Fidel, que imaginava a formação de uma espécie de frente antifascista.

Lembremos que em 2003, o mundo estava diante de gravíssimas ameaças à paz, com o desencadeamento da guerra ao Iraque pelos Estados Unidos. Na América Latina, estava no auge o terrorismo midiático contra Cuba.

A REDH veio a tomar forma e lançar-se com força no cenário da batalha de ideias e das lutas dos movimentos sociais no Encontro Mundial de Intelectuais e Artistas em Defesa da Humanidade, realizado em dezembro de 2004 em Caracas, Venezuela, até hoje a sua sede mundial.

A REDH é um movimento que agrupa escritores, artistas, acadêmicos de todas as áreas, ambientalistas, religiosos, cientistas, estudantes, desportistas, trabalhadores, movimentos sociais e meios de comunicação alternativos, uma configuração ampla de todos os que se sentem comprometidos com a causa da defesa da humanidade. Defende a necessidade de dar resposta aos múltiplos desafios do mundo atual. É uma das vozes dos povos, que se escuta sonoramente em múltiplos cenários de criação e luta, de difusão do pensamento crítico e da batalha das ideias.

Sua plataforma de trabalho e luta inclui bandeiras como a defesa da paz, da integração dos povos, de uma economia emancipadora e solidária, a soberania nacional e a legalidade internacional, a unidade na diversidade e a cultura para todos, acesso de todos ao conhecimento, a participação popular, a verdade e a pluralidade da informação.

A reunião foi um alento para reforçar o “Capítulo Brasileiro” da REDH, coordenado pela Marília. Senti-me honrado, como editor do Vermelho e diretor do Cebrapaz, com o convite para integrá-la e com a companhia dos que estavam no encontro com Abel Prieto: o escritor Frei Betto, o cineasta Guillermo Planel, o historiador Epitácio Brunet Paes, a atriz Jalusa Barcelos, o escritor Artur Poerner, o economista Theotônio dos Santos, o artista plástico Eduardo Ebendinger, o ex-deputado federal da Assembleia Constituinte Edmílson Valentim, a secretária da Mulher do Rio de Janeiro Ana Rocha, o produtor cultural David Uander, a historiadora Anita Leocádia Prestes, o especialista em Marketing Político Eduardo Guimarães, o museólogo Márcio Marques e os diplomatas cubanos Mariaelena Ruiz Capote, embaixadora no Brasil, Ivette Martinez, cônsul em SP e o chefe do Departamento de Comunicação do Ministério das Relações Exteriores José Carlos Rodriguez.

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