Venezuela: diálogo não é conchavo

O governo e setores da oposição venezuelana se sentam a partir desta quinta-feira (10) à mesa de conversações para dialogar formalmente, depois dos reiterados apelos feitos nesse sentido pelo presidente da República bolivariana Nicolás Maduro e da ação diplomática realizada pelos chanceleres da Unasul. É fato auspicioso que coincide com o anúncio de que o governo dos Estados Unidos desistiu de aplicar sanções contra o país.

É significativa a presença do Movimento de Unidade Democrática (MUD), de oposição, como foi importante que representantes do setor empresarial privado tenham participado da conferência nacional pela paz, nomeadamente a Federação Câmaras e Associações de Comércio e Produção da Venezuela (Fedecâmaras), a Federação de Câmaras e Associações de Artesãos, Micros, Pequenas e Médias Indústrias e Empresas (Fedeindústria), a Câmara Venezuelana da Indústria de Alimentos (Cavidea), a Câmara da Construção e a Associação Bancária da Venezuela, entre outros.

A expectativa manifesta pelo governo bolivariano, por meio do vice-presidente Jorge Arreaza é de que exista diálogo que leve à solução de diferenças “com a palavra, a ética e respeito ao povo”. O país necessita pôr cobro à violência desencadeada há dois meses por grupos de ultradireita que buscam a desestabilização política e a derrocada do governo legítimo.

"Quando nos reunirmos – e isso o país tem que saber – não vamos fazer pactos, vamos reconhecer-nos, entender-nos, vamos compartilhar visões, a partir das quais possamos chegar a acordos”, explicou o vice-presidente.

Assim, o diálogo não é um conchavo, uma tratativa de bastidores, um toma lá, dá cá, um arranjo entre facções, nem um jogo de cena. Será um encontro público, com o testemunho de três chanceleres membros da missão diplomática da Unasul – a ministra das Relações exteriores da Colômbia, Maria Angela Holguin, o do Equador, Ricardo Patiño e do Brasil, Luis Figueiredo.

Nesse sentido, não se deve alimentar falsas expectativas nem atribuir ao diálogo objetivos além do que se pode alcançar nas atuais condições. “Não aspiramos convencer a oposição de que se converta em chavista, nem ela aspira tampouco a que deixemos o caminho da Revolução, do socialismo”, disse Arreaza.

Fica assim descartada a hipótese de que dos encontros entre o governo e a oposição resultem pactos abrangentes, como um programa comum ou a formação de um governo de coalizão.

A expectativa é que o governo e a oposição, por meio do diálogo, assegurem um caminho político e pacífico para lutar por suas posições políticas e que a nação exerça seu direito de construir o futuro, enfrentar os problemas econômicos e sociais e construir seu próprio bem-estar. Antes de tudo, os venezuelanos necessitam enquadrar-se nos marcos da sua própria Constituição, base do sistema político nacional.

Já ficou demonstrado que a estratégia de derrubar o governo ou de fomentar uma crise que justificasse uma intervenção externa de forças imperialistas está destinada ao fracasso. À oposição venezuelana nunca foi vedado o direito de disputar eleições e apresentar as suas propostas. O povo desfruta de direitos políticos e sociais, a liberdade política é uma garantia fundamental, a luta política faz parte do cotidiano dos venezuelanos.

A oposição tem que abandonar o caminho antidemocrático do golpe, da tentativa de derrocar o governo e do motim sangrento.

A Revolução não irá deter-se. Seguirá adiante, garantindo a democracia e lutando por suas próprias ideias e programa por meio do convencimento do povo e da elevação da sua consciência política, mobilização e organização.

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