A vitória da extrema direita na França

O primeiro turno das eleições municipais realizado na França no último domingo, 23, foi marcado por um índice recorde de abstenção, de 39,5%, vitória da Frente Nacional e uma humilhante e nada surpreendente derrota do Partido Socialista.

O resultado reflete um forte avanço da extrema direita no continente europeu num contexto de grave crise econômica que guarda preocupantes semelhanças com os anos 30 do século passado, em que os efeitos da Grande Depressão tiveram por contrapartida o crescimento do nazismo e do fascismo, opções políticas que se tornaram hegemônicas na Alemanha e Itália.

O pleito revela, ao mesmo tempo, a desmoralização da falsa alternativa social democrata, no caso representada pelo Partido Socialista, que capitulou ao neoliberalismo e praticou uma política que em nada difere do cardápio indigesto ofertado aos franceses pela direita tradicional. A imposição da austeridade fiscal conduziu a economia à estagnação e agravou a crise social.

Observa-se na Europa dos nossos dias, bem como em outras regiões do mundo, a afirmação da tendência à reação ou ao reacionarismo, que é inerente à ordem imperialista e se manifesta com mais força em conjunturas de crise econômica e política, conforme notou Lênin.

A alternativa extremista é uma espécie de último recurso da burguesia monopolista quando a explosão das contradições do modo de produção capitalista durante a crise acirra a luta de classes e parece desaconselhar soluções centristas. O avanço da extrema direita lança novas sombras sobre o futuro de um mundo que hoje se move no terreno movediço de uma ordem mundial que caducou, mas quer continuar ditando as regras das relações internacionais.

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