Reunião da Unasul em Santiago é vitória da nova diplomacia

A reunião de chanceleres dos países membros da Unasul realizada nesta quarta-feira (12) foi mais uma demonstração de que um novo tipo de relacionamento está consolidando-se entre os países da América Latina, prevalecendo o respeito mútuo, a defesa da soberania, o diálogo entre iguais e a rejeição às fórmulas intervencionistas do passado que seguiam os padrões impostos pelo imperialismo estadunidense e seu pan-americanismo inspirado na Doutrina Monroe.

Depois de ter sido abortada na semana passada a tentativa de interferência da Organização dos Estados Americanos (OEA) na situação interna da Venezuela, a Unasul, reunida nesta quarta-feira (12) em Santiago, Chile, aprovou a criação de uma comissão integrada pelos ministros das Relações Exteriores dos países que a integram para que "acompanhe, apoie e assessore” o diálogo de paz convocado pelo próprio governo bolivariano.

A Unasul demonstrou sua plena disposição a favorecer o diálogo, no mesmo espírito das propostas já avançadas na véspera pelo presidente venezuelano Nicolás Maduro e, na própria reunião de chanceleres, pelo ministro das Relações Exteriores Elias Jaua, os quais reiteraram o apelo a que a oposição abandone seus métodos violentos e participe do diálogo promovido pelo governo venezuelano.

A iniciativa do governo bolivariano é assim reforçada pela diplomacia da Unasul, voltada para dar uma efetiva contribuição à solução da crise provocada pela oposição violenta e assegurar a estabilidade do governo venezuelano, que já convocou a Conferência Nacional de Paz.

Tem grande significado a decisão da Unasul de expressar a preocupação ante qualquer ameaça à independência e à soberania da Venezuela. O debate sobre os direitos humanos e a democracia desenvolvido na reunião dos chanceleres nada tem a ver com as noções que as potências imperialistas fizeram vigorar em outros episódios – as da “intervenção humanitária” e do “direito de proteger”. Aqui prevaleceu o respeito aos direitos humanos e à institucionalidade venezuelana, a rejeição aos atos violentos promovidos por grupos radicais de direita que pretendem a derrocada do governo legítimo, constitucional e democrático do país.

Foi, sem dúvida, uma manifestação de solidariedade ao governo bolivariano, que tem denunciado incansavelmente que esses grupos radicais são insuflados por setores antichavistas da mídia nacional e internacional e estão empenhados em fabricar uma imagem negativa do país.

As decisões da Unasul encontram respaldo nas declarações da presidente chilena Michelle Bachelet, empossada na véspera. Em sua primeira coletiva de imprensa, a mandatária afirmou que jamais apoiará algum movimento que tente derrubar um governo eleito constitucionalmente de maneira violenta.

A divulgação de uma carta do ex-presidente Lula ao presidente Nicolás Maduro no mesmo dia da reunião da Unasul, pela qual o líder bolivariano agradeceu em termos emocionados, também expressa o sentido principal das concepções atualmente em vigor na América Latina, inspiradoras de uma nova diplomacia.

Na missiva, enviada por Lula no dia 5 de março, por ocasião do primeiro aniversário da morte do ex-presidente Hugo Chávez, o líder brasileiro lembra que sempre esteve com Chávez na luta “por uma América Latina mais justa e soberana, pela integração de nossas nações, pela construção de um continente independente e democrático". E patenteia enfaticamente o seu apoio às gestões do presidente Nicolás Maduro em face dos acontecimentos em curso: "Não tenho dúvidas, companheiro Maduro, de que esse corpo de ideias e experiência constitui o guia de conduta de vosso governo e do povo venezuelano, neste momento delicado de sua história. Momento no qual é necessário o diálogo com todos os democratas que querem o melhor para o povo. Só assim, a Venezuela realizará o sonho de uma sociedade justa, fraterna e igualitária".

Um flagrante contraste com as desafiadoras e provocadoras declarações do vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que em entrevista ao jornal chileno El Mercurio, classificou como “alarmante” a situação política e social da Venezuela. Biden acusou o presidente venezuelano de “inventar conspirações” para desviar a atenção dos problemas vividos pelo país. Ao usar a expressão “alarmante”, o representante do imperialismo estadunidense apresenta a senha para justificar eventuais medidas intervencionistas. E quando diz que Maduro “inventa” conspirações, tenta desqualificar as graves denúncias que o mandatário venezuelano faz aos golpistas, colocando-se ao lado destes. As declarações de Biden evidenciam o objetivo dos Estados Unidos de desestabilizar a Venezuela e derrocar seu governo legítimo. Mais uma confissão de que Washington não aceita que se desenvolva e consolide o exemplo transformador da Revolução Bolivariana, que a um só tempo é um exemplo para toda a América Latina e uma garantia de que o processo aberto na região com a eleição do presidente Chávez em 1998 continuará.

A nova diplomacia latino-americana, que cobrou ainda mais força com as decisões da reunião de Santiago da Unasul, está em consonância com o espírito de solidariedade internacionalista prevalecente hoje na América Latina e corresponde aos anseios de paz e cooperação entre os povos. O sentido principal dos pronunciamentos e decisões é o apoio ao governo venezuelano e a condenação à intentona golpista das oligarquias apoiadas pelo imperialismo estadunidense.

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