Posseiros do Lote 7, 1981

A nota oficial assinada por dom Patrick Joseph Hanraham, da Diocese de Conceição do Araguaia foi descritiva: “(…) os três lavradores foram levados para a sede da Fazenda Novo Mundo, onde foram espancados com socos, pontapés e golpes de caratê. Foram amarrados nus durante dois dias e um deles ficou suspenso no pau-de-arara com a cabeça sendo batida seguidamente num tronco de árvore. Tudo isso para que se incriminassem da morte do pistoleiro e acusassem diretamente o vigário da paróquia Aristide Camio, o advogado Paulo Fonteles e a agente pastoral Oneide Costa Lima, de serem os mandantes de assassinatos e de invasões de terras. (…) depois de alquebrados pelas torturas sofridas, foram levados de avião para Marabá, onde ficaram ilegalmente presos e foram submetidos a exame de corpo de delito, quando ficaram constatadas marcas e seqüelas do espancamento sofrido (…)”.

Em Itaipavas, terra de Raimundo Ferreira Lima, o “Gringo”, assassinado em fins de maio de 1980, o contencioso ensejava intensa radicalização e o seqüestro dos três posseiros pela Polícia Federal revelara que papel cumpria o gendarmes da repressão política, tudo para fazer valer o interesse dos grileiros e da grande propriedade rural, notadamente grandes grupos econômicos, nacionais e estrangeiros.

Naquele dia, 3 de abril, não satisfeitos com o seqüestro e a tortura dos três lavradores, os policiais irão derrubar cinco barracões, miserável morada daqueles lavradores, filhos dos sertões e do desamparo.

A lei em São Geraldo do Araguaia é do mais forte e, claro, do grileiro Neif Murad.