Paulo Bernardo: o coveiro da democratização da mídia

É triste, lamentável e, para alguns, quase inacreditável que um ministro petista, dos mais prestigiados, seja caracterizado como defensor intransigente dos oligopólios midiáticos.

Para estar sempre de bem com o baronato da mídia, notadamente do GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão), o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, ainda reforça, em recente entrevista ao Estadão, que os artigos da Constituição Federal de 1988 que garantem a democratização dos meios de comunicação de massa no Brasil não serão regulamentados.

Infelizmente na mesma linha de defesa e fortalecimento da velha mídia está a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Helena Chagas, que continua enchendo as burras do GAFE de dinheiro público. Esta posição está sendo contestada por importantes setores do PT, em especial pelo deputado federal Paulo Pimenta RS), que contesta o tal critério técnico para a distribuição da verba.

Nunca é demais lembrar que no Brasil o poder de manipulação da opinião pública pela mídia é quase ilimitado, e o baronato dessa velha mídia conservadora, venal e golpista ainda se vangloria de substituir os partidos políticos de oposição ao governo da presidenta Dilma Rousseff, o mesmo tendo feito no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliás, essa velha mídia tornou-se, na verdade, no maior partido de oposição.

Dos três maiores partidos de oposição de direita – PSDB, DEMO e PPS -, dois estão em processo de extinção como já afirmamos neste mesmo espaço há muito tempo: o DEMO e o PPS. Numa tentativa de sobrevivência, o PPS tenta uma fusão com o Partido da Mobilização Nacional (PMN). No entanto o ex-comunista deputado Roberto Freire, na realidade um ferrenho direitista, tem enfrentado resistências, em especial no Ceará, fato já demonstrado pelo presidente estadual do PMN, Reginaldo Moreira. Se essa fusão se concretizar, as atuais lideranças do PMN serão meros coadjuvantes. Aqui no Ceará o presidente estadual será o empresário Alexandre Pereira, atual presidente do PPS.

E não será surpresa se o ministro das Comunicações deixar de lado as suas atribuições para reforçar a tese da fusão, sob a alegativa de que o novo partido poderá fazer parte da base aliada do governo Dilma. Contudo o ministro quebrará a cara, pois o quinta-coluna Roberto Freire pretende retornar ao seu estado de origem – Pernambuco – e por lá se candidatar a deputado federal com o apoio do atual governador Eduardo Campos (PSB) numa hipotética candidatura deste a presidente da República no próximo ano.

Sob os aplausos de Paulo Bernardo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, inexplicavelmente, dá de bandeja ao baronato da velha mídia duas medidas que reduzem os tributos das empresas de comunicação. Um deles reduz as contribuições sociais das empresas, de 20% da folha de pagamento para 1% a 2% do faturamento. Isto representa, por baixo, mais R$1,2 bilhão por ano. E o pior de tudo é que é sem contrapartida do empresariado. Nada de garantir o emprego dos seus profissionais. Na semana passada o Estadão jogou no olho da rua 25% dos seus jornalistas. Enquanto isso publicações democráticas e independentes como a Caros
Amigos está morrendo à mingua por falta de verbas publicitárias. A Carta Capital, excelente informativa semanal, vive também à mingua porque o grosso da verba publicitária do governo federal continua engordando o caixa do GAFE.

Realmente, este ministro Paulo Bernardo é o coveiro da democratização da mídia!

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