E se os “mensaleiros” forem absolvidos?

Ao contrário do futebol, em que há empate, num julgamento isto nunca ocorre. No caso
dos 38 acusados de “mensaleiros”, cujos processos começam a ser julgados amanhã, a
velha mídia conservadora, venal e golpista já julgou e condenou todos eles. Aqui não haverá
empate e muito menos vitória dos acusados.

Os colonistas e demais amestrados da velha mídia só falam no “julgamento do século”. Se pudessem, torturariam até a morte o correto jornalista Mauro Santayana que, em artigo na Carta Maior, referiu-se ao caso como o julgamento de agosto. A diferença entre Santayana e os amestrados da velha mídia é que estes, de há muito, perderam a credibilidade.

Com denúncias, na maioria falsas e levianas, a velha mídia conseguiu derrubar alguns
ministros da presidenta Dilma Rousseff. Acreditam o baronato da mídia e seus colonistas
que, pressionando diuturnamente, os ministros do Supremo Tribunal Federal se deixarão
pautar, e condenarão os acusados. De antemão já se sabe que o ministro Gilmar Mendes
(ou Gilmar Dantas, conforme o jornalista Ricardo Noblat) é favorável à condenação
principalmente dos petistas. Contudo, para felicidade geral da Nação, a maioria dos atuais
ministros não se deixa pautar pela velha mídia.

Aliás Gilmar Mendes está eticamente impedido de participar desse julgamento. Vários são
os motivos, mas dois em especial o impedem: primeiro, ele já manifestou a sua posição
favorável à condenação; segundo porque ele figura na lista do chamado mensalão tucano,
tendo recebido R$ 185 mil, conforme matéria publicada na edição desta semana da revista
CartaCapital. Assinada pelo jornalista Leandro Fortes, a matéria que tem como título “Juiz?
Não, réu”, informa que Mendes aparece entre os beneficiários do caixa 2 da campanha de
reeleição de Eduardo Azeredo em 1998, operado por Marcos Valério.

A parcialidade e tendenciosidade da velha mídia não tem paralelo na história recente do
País. Ela carrega na tinta afirmando que a sociedade está ansiosa para ver os “mensaleiros”
condenados, pois “o rombo causado aos cofres públicos está estimado em no mínimo R$ 55
milhões. Ela lamenta que a questão se arrasta desde o ano de 2005, portanto há sete anos.
Contudo cala diante do fato de o “valerioduto mineiro” ter irrigado o caixa dois tucano com
mais de R$ 104 milhões, praticamente o dobro do que teriam desviado os petistas.

Na edição de ontem 31, o Jornal Nacional da TV Globo dedicou aproximadamente 20% do
tempo do telejornal ao “mensalão” petista. Frisou que a questão se arrasta desde 2005,
portanto há sete anos, mas não dedicou um segundo sequer ao “ mensalão” tucano que
remonta a 1998, portanto há 12 anos.

Dos mais de R$ 104 milhões, uma parte serviu para irrigar a campanha da reeleição do Coisa
Ruim. Outros “arautos da ética” como os ex-senadores Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), Jorge
Bornhausen (PFL-SC), Heráclito Forte (PFL-PI), Tasso Jereissati (PSDB-CE), o atual senador
José Agripino Maia (DEMO-RN), Paulo Cardoso, filho do Coisa Ruim, Eduardo Jorge e muitos
outros foram beneficiados pelo “valerioduto” mineiro. Por toda essa parcialidade, hipocrisia
e leviandade, a velha mídia deveria sentar no banco dos réus. E também por vários de seus
órgãos figurarem na lista do “mensalão” mineiro, destacando-se a Editora Abril.

Mas quem também estará em julgamento é o procurador-geral da República, Roberto
Gurgel. Este, de tão parcial, já foi batizado de Roberto Brindeiro, numa alusão ao
procurador-geral da República do Coisa Ruim(FHC) , Geraldo Brindeiro, também conhecido
pela alcunha de engavetador-geral da República por engavetar todas as denúncias contra
o desgoverno que servia. O novo Brindeiro engavetou a denúncia contra o então senador
Demóstenes Torres(recentemente cassado por envolvimento com o crime organizado
) por dois anos, mas foi duma celeridade ímpar para denunciar ao STF, sem provas e
baseado numa denúncia leviana da revista Veja – o lixo do jornalismo – um homem correto
e competente como Orlando Silva que teve de deixar o Ministério dos Esportes sob fogo
cerrado da velha mídia. Agora está provada a inocência do ex-ministro, mas os levianos
acusadores não dedicam um só centímetro para noticiar o fato. Quem também teve a
inocência provada foi a ex-ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, e o silêncio da velha mídia
foi sepulcral. Eles odeiam a verdade.

Pautado pela velha mídia e a serviço da direita mais reacionária, o suspeito procurador-
geral da República encaminhou recentemente ao STF um documento no qual afirma que
o caso (“mensalão”) foi “o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e desvio
de dinheiro público flagrado no Brasil”. Será que ele não leu “a privataria tucana” ou está
sofrendo de amnésia? É recomendado ao procurador Brindeiro ler os dois volumes do livro
O Brasil Privatizado – o desmonte do Estado, e a roubalheira continua) do jornalista Aloysio
Biondi; vale a pena também ler O Mapa da Corrupção no governo FHC, dos jornalistas Clarice
Bertone e Ronaldo de Moura.

Com certeza, a velha mídia conservadora, venal e golpista dedicará todo o espaço dos seus
noticiosos, nestas quarta e quinta-feira a manipular a opinião pública e pressionar os 11
membros do STF para condenarem sumariamente senão todos os 38, mas pelo todos os
petistas acusados, em especial o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, apontado por ela
como “o chefe da quadrilha”.

Ninguém, de sã consciência, pode negar que houve caixa 2 e que isto é crime eleitoral
passível de punição. Mas, e se os acusados de “mensaleiros” forem absolvidos, já que não
existem provas da existência do “mensalão”, como agirão a velha mídia e seus amestrados?
E também como ficará o procurador Roberto Gurgel Brindeiro?

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