Violência, droga e criminalidade
Há três meses Auriceia, mãe de família, moradora de um bairro popular da capital levou um tiro na cabeça, entrou em coma e faleceu nessa terça-feira passada. Sábado o médico José Alfredo foi assassinado quando passeava com a sua bicicleta pelo corredor Vera Arruda na orla marítima, região nobre de Maceió.
Publicado 31/05/2012 08:44
Esses são dois exemplos trágicos, mas há um rosário imenso de ocorrências criminosas que se estendem por todo o Estado cujas vítimas principais são os cidadãos, atingindo também bancos, repartições públicas e estabelecimentos comerciais.
O veredicto consensual da população é que o Estado vem perdendo vertiginosamente a batalha contra a violência, a criminalidade desenfreada e o sentimento é o do terror coletivo, a certeza que todos somos vítimas ou porque já fazemos parte das frias estatísticas ou estamos sob perigo iminente.
Assim, ficamos submetidos à banalização da criminalidade e se instaura um forte temor na coletividade fruto do clima de insegurança que atinge a sociedade alagoana quase sem distinção de classes.
Por outro lado estudos demonstram que entre as principais causas da escalada da criminalidade em Alagoas, além das graves e históricas distorções sociais, desenvolvimento econômico insuficiente dificultando a modernização da estrutura produtiva por anos a fio, há um novo ingrediente extremamente maligno.
Esse catalisador da barbárie tem sido o crack, movimentando fortunas, fabricando dependentes químicos induzidos à paranoia, que cresce em escala geométrica, multiplicando criminosos, semeando a morte.
É um cenário que também cobre todo o território brasileiro que vive um processo de crescimento econômico estabanado, sem a construção de valores culturais, ideológicos, espirituais, onde se alastra o individualismo absoluto, a competição louca e propaga-se a ideia do "sucesso na vida" através do dinheiro fácil.
É um tecido social sem defesas morais, o que facilita a apologia do bizarro e da violência cujas vítimas têm sido a maioria da população, encontrando em Alagoas um elo débil, propiciando o avanço galopante do narco-crack.
Caso o governo do Estado não adote medidas severas resgatando os espaços perdidos para a droga, a criminalidade, a tendência será o surgimento em Alagoas de fenômenos típicos de uma sociedade encolerizada buscando outras formas de segurança e até de justiça paralela.