Economia verde e capitalismo marrom

O Brasil, anfitrião da Rio + 20, virou palco de encenações de uma das mais controversas polêmica em disputa na atualidade: a Economia Verde.

De um lado os entusiastas de uma nova fase do capitalismo, mais limpa e ecológica, capaz de, por si só, solucionar os problemas ambientais que esse próprio modo de produção lançou a humanidade. Por outro, os céticos em qualquer alternativa mitigadora das agressões ambientais nos marcos do capitalismo, que compreendem a Economia Verde como um mero reordenamento do velho capitalismo marrom. Quem está certo?

O capitalismo, como de costume, vai mostrar sua habitual flexibilidade em aproveitar-se das próprias crises que constantemente desenvolve para manter sua hegemonia e, ainda, tentar apropriar-se de riquezas que hoje são universais. Nesse propósito já esboçam a mercantilização do próprio ar com propostas variadas de compras de serviços de captação de carbono (CO²).

Mas é inegável que medidas urgentes precisam ser tomadas, sem que seja necessário esperar pela derrocada do capitalismo ou pela implantação do chamado ecossocialismo, a fim de desacelerar as agressões contra o meio ambiente.

Não combina com o pensamento marxista histórico e dialético ser, a priori, contra a aparência de um conceito cuja essência ainda está em disputa. O conceito de Economia Verde pode e deve ser concebido como um aporte ao desenvolvimento social.

E é justamente isso que pleiteia o governo da presidenta Dilma, bem manifestado numa declaração do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, que afirmou não haver problema em discutir o conceito, desde que signifique uma economia que vise às atividades econômicas e à inclusão social em primeiro lugar, ou seja, “atividades econômicas que visem à inclusão social, redução de emissão de carbono, preservação dos recursos naturais estratégicos", disse. "Se for dentro desses termos, não teremos problemas em discutir. Se for para justificar outras coisas, não queremos discutir a economia verde", completou.

A Economia Verde será um dos principais temas a ser discutidos na Rio + 20. Podemos, de antemão, nos unir a um setor dos movimentos sociais que já cerraram fileiras contra aquilo que elegeram como “sofisticada máquina capitalista da Economia Verde”, ou disputar a ideia e os rumos de qual Economia Verde queremos, baseado na inclusão social e num modelo mais sustentável de produção, mesmo nos marcos do capitalismo.

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