Europa na encruzilhada
Todos nós sabemos que a política é um permanente jogo de movimentos. O que diferencia um partido situacionista de outro com objetivo transformador é a perspectiva. Um, atua tendo em vista o permanente movimento, o outro, peleja observando sempre o horizonte mais largo estabelecido em seu programa estratégico.
Publicado 25/04/2012 21:33
As atuais eleições na França são uma dessas batalhas em que se está decidindo algo mais que uma mera rotina institucional porque acontece em meio a uma crise econômica estrutural do capitalismo onde a busca por novos rumos para a Europa vem se defrontando com uma forte resistência de natureza conservadora.
Esse confronto se desenvolve por toda a União Europeia, mas atinge a sua dramaticidade em Países que são polos econômicos capitalistas mais desenvolvidos mesmo que a luta social esteja atingindo estágios radicais em elos mais débeis como são os casos de Portugal, Grécia, Espanha etc.
É fato inquestionável que os trabalhadores e demais segmentos sociais que compõem a Comunidade Europeia estão demonstrando sinais de que não estão mais suportando o peso da crise que estão jogando sobre as suas costas, um fardo resultante do intenso processo de concentração e centralização do capital financeiro internacional.
Mas os partidos no poder que sustentam as políticas neoliberais ortodoxas na Europa estão exaurindo as suas forças em consequência dos resultados econômicos e sociais negativos que atingem as mais variadas camadas assalariadas levando as nações a uma grave recessão.
Caso persistam as atuais orientações econômicas e institucionais as elites políticas francesas estarão investindo em um tremendo incêndio social e é óbvio que vai se esgotando, mesmo para o sistema, o papel de lideranças como Sarkozy.
Por outro lado a sociedade ainda não vislumbrou uma alternativa real e concreta aos atuais grupos dominantes mesmo com o soerguimento de uma esquerda mais aguerrida.
Já o Partido Socialista pelos seus antecedentes e o candidato Hollande representam infelizmente uma alternativa centrista, previsível e requentada possibilitando com isso alguma chance ao atual e medíocre presidente francês.
De qualquer maneira crescerá o voto útil contra Sarkozy no segundo turno das eleições e haverá um grande aumento da insubordinação social ao projeto neoliberal que vem sendo aplicado na França, com desdobramentos políticos para o resto do continente.