Sustentabilidade: teoria e prática

A construção da 1ª fábrica de bacalhau da Amazônia em plena selva amazônica representa um exemplo prático de que é possível convergir teoria e prática em matéria de sustentabilidade.

Desde que o macaco passou a caminhar sobre os pés e os hominídeos desenvolveram a capacidade de falar, tem sido relativamente fácil expressar teorias, falar em defesa de tal ou qual tese. Alguns falam com mais outros com menos eloquência, mas todos os humanoides falam. Lamentavelmente nem todos praticam o que falam.

E se há um assunto em que essa contradição assume proporções de tragédia é na definição do que se convencionou chamar de sustentabilidade, a começar pela própria interpretação que as diferentes correntes de opinião emprestam ao tema. Enquanto para produtivistas sustentabilidade nada mais é do que a elevação permanente da melhoria de vida das pessoas, sob o argumento de que “o que efetivamente importa é o homem e não a natureza”, para os santuaristas isso seria uma clara concepção antropocentrista na qual “o homem seria o centro do universo”, ameaçando o equilíbrio do planeta em decorrência do caráter finito de seus recursos. Defendem, portanto, a preservação dos recursos naturais como a essência de sua teoria e contraponto aos produtivistas. E todos falam, proclamam, que suas opiniões, suas teorias, buscam o desenvolvimento sustentável.

Como se pode ver não há qualquer coerência ou logica em ambas as posições. A primeira porque efetivamente não há desenvolvimento que possa subsistir se não houver racionalidade no uso dos recursos naturais e, por outro lado, nenhum desenvolvimento existirá se os seres humanos forem abstraídos dessa equação, como na prática defendem os santuaristas, embora verbalizem o contrário. A equação adequada, a nosso modo de ver, é a busca do equilíbrio, tendo presente que não há desenvolvimento sem sustentabilidade e nem sustentabilidade sem desenvolvimento, como tenho sustentado ao longo dos anos. Na prática significa que é preciso elevar o padrão de vida das pessoas e ao mesmo tempo preservar parte dos recursos naturais e ainda conservar outro tanto, na busca permanente de usar no presente e assegurar o uso também no futuro.

É dentro dessa concepção que o Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado da Produção Rural (SEPROR), desenvolveu e instalou dentro da reserva de desenvolvimento sustentável de Mamirauá, em plena selva amazônica, a 1ª indústria de bacalhau da América do Sul, na qual se transforma o nosso pirarucu (Arapaima gigas) em “bacalhau da Amazônia”, através das mesmas técnicas industriais utilizadas nos países que até então tinham o monopólio desse produto.

É a isso que nós chamamos de sustentabilidade: elevação do padrão de vida das pessoas, preservação e conservação dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, verticalização e agregação de valor à matéria prima regional, no caso o pescado amazônico.

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