Normalidade e greves

Em toda ação humana há uma maneira correta de compreendê-la, que potencializa a própria ação e uma maneira errada. Em geral, a maneira errada consiste em ideologizar o interesse que fundamenta a ação de tal forma que, no fim das contas, o tiro sai pela culatra.

Dou dois exemplos. Na luta contra a desindustrialização ou pela anulação do imposto de renda sobre a PLR o erro consiste em alardear uma crise que não existe, ao invés de valorizar a conjuntura positiva que garante a possibilidade da conquista e do avanço. Quando setores do patronato, fugindo da pauta produtivista, insistem no “custo Brasil” (diminuição de salários, direitos e impostos) o desvio ideológico é tão visível que põe em risco a própria execução das tarefas unitárias; é a natureza do escorpião.

Para se analisar as greves que estão ocorrendo em grandes obras da construção civil para a Copa e a Olimpíada e atuar nelas, devemos evitar cometer erros semelhantes.
Há três etapas bem nítidas na evolução deste setor. No inicio, como na Bíblia, houve o caos. Foram as rebeliões do ano passado. Em seguida, com a ação tempestiva e coerente das centrais e das direções sindicais locais, os trabalhadores passaram a exprimir suas reivindicações de maneira organizada, com manifestações e greves. Esta foi a etapa em que simultaneamente procurou- se estabelecer um protocolo tripartite de procedimentos e direitos, o que foi conseguido e é uma vitoria para cada um dos participantes (trabalhadores, empresários e governo).

Atualmente estamos na etapa da aplicação do protocolo o que significa garantir direitos e melhorar as condições salariais e de trabalho; em cada grande obra as entidades sindicais locais são responsáveis pelo encaminhamento. Quando as reivindicações legítimas, contempladas no protocolo, não são respeitadas e atendidas, resta o recurso da greve, em geral de curta duração. A esta etapa chamamos “ normalidade” ou alguém tem ilusões de que um acordo por si só suprime o choque de interesses, a luta pelos direitos e pela própria validade do acordo?

Às direções sindicais dos trabalhadores, bem como ao governo e os empresários, cabe fortalecer os termos do protocolo. Longe estamos da irresponsabilidade de um dirigente que alardeou, desde já, que sua base (?) fará greve em 2014, durante a Copa, se não forem atendidas as reivindicações do s trabalhadores.

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