A China que a direita quer esconder

Acabo de retornar da China onde, juntamente com vários profissionais ligados ao setor primário, em particular os que atuam no imprescindível trabalho de assistência técnica e extensão rural, visitamos cidades, povoados, feiras, mantivemos contato com autoridades, empresários e gente do povo. Farei uma série de artigos, dentro da “série China”, retratando o que percebi.

Nesse primeiro trato do aspecto geral, procurando mostrar porque a direita sempre tentou “esconder” a China, como se fosse possível esconder um gigante em todos os sentidos, seja territorial, populacional, econômico, cultural e de 5 mil anos de história, aí incluída a milenar e exuberante construção de 8 mil km das “muralhas da china”.

O país dispensa especial atenção aos brasileiros, aos quais não se cansam de repetir que atribuem caráter estratégico a essa relação. E desejam mais. Querem mais intercambio comercial, cultural, e dedicam especial atenção a enorme capacidade brasileira na produção de alimentos. A China que vi é um país rico, com gente ainda pobre, naturalmente, e que precisa comer. Tem no Brasil uma esperança de lhes ajudar nessa tarefa, uma vez que apesar de seu enorme território sua área agricultável é relativamente limitada.

E diferente do que a mídia a serviço da direita procura fazer crer é um país no qual pouco se ver policiais e militares, quando se ver, estão trabalhando, zelando pelos momentos históricos como a cidade proibida, as muralhas e outros sítios históricos.

Acessei internete nos mais longínquos rincões, mesmo num trem bala a mais de 300 km por hora. De igual forma assisti noticiário de TV em inglês e espanhol nesses mesmos locais, o que não deixou de causar espanto aos demais integrantes da comitiva que esperavam um país policialesco, com restrição a noticias e eternamente vigiada. É claro que um país soberano e que busca construir um outro tipo de sociedade, a sociedade socialista, não apenas tem o direito, mas o dever de zelar pela sua integridade. Por isso mesmo não deixa de chamar atenção a relativa calmaria que se vê.

Hoje a China mantém um grande intercambio comercial com o Brasil, que se favorece dessa relação com um saldo de quase 11 bilhões de dólares.

Durante muitos anos a direita brasileira, especialmente nos governos de FHC, criou dificuldades nessa relação comercial. Atendiam tanto ao ódio a qualquer coisa que não cheire a mofo e a histórica submissão que essa gente tem aos Estados Unidos. Submissão de fazer corar de vergonha até mesmo o mais ardoroso defensor do chamado modo de vida americano, que pouca gente sabe mesmo o que representa, mas se diz defensor de tal preceito.
Não apenas aplicaram acriticamente todo o receituário neoliberal que os americanos impuseram ao mundo, como defendiam um alinhamento automático e uma relação comercial quase exclusiva com o país do Tio Sam. Imaginem, agora, que os EUA estão quebrados o que não seria de nossa economia se o governo Lula não tivesse rompido com essa lógica antinacional.

E é por isso que a série China merecerá de quem de fato quiser fazer uma análise imparcial, uma atenção especial. Tentarei contribuir com esse debate.

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