Malvinas Armadas

 Cada vez mais, as Ilhas Malvinas, localizadas em região estratégica do Atlântico Sul, vêm sendo armadas pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Aquele território em alto mar está hoje sob controle da Grã-Bretanha, mas a Argentina pleiteia sua posse.

Na semana passada, a Argentina formalizou protesto que será analisado pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), segundo assegurou seu secretário-geral, Ban Ki-moon. E pede a restituição daqueles territórios ao jugo portenho.

Ki-moon  disse que abre negociações desde que ambas as partes concordem em conversar. Mas isso é muito pouco provável – chance zero, aliás –, já que a Grã-Bretanha se recusa terminantemente a sequer triscar no assunto. Mas a coisa vai se complicar.

Enquanto a posse britânica das Malvinas, que tem longa história, era apenas uma questão territorial, com suposto interesse em petróleo de águas profundas, a situação ia sendo levada em banho-maria. Mas o pesado aporte de arsenal militar, agora, muda o quadro.

O pior é que essa ação vem dois anos depois de os Estados Unidos reativarem sua 4ª. Frota, uma poderosa estrutura militar que vasculha todo o Atlântico Sul, inclusive o Brasil. Essa frota, então só naval, foi criada ao final da Segunda Guerra e extinta em 1950.

A sua recente reativação foi motivo de veementes protestos do governo brasileiro, com vários pronunciamentos do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em diversos fóruns internacionais. Até porque esse aparato militar não é formado apenas de suas 22 embarcações permanentes. Uma frota dessas mobiliza forças de várias armas a qualquer momento.

É que a estrutura das forças armadas dos Estados Unidos, que é diferente da maioria das demais nações do mundo, facilita essa mobilização nos dias atuais. Como facilita a manutenção de perto de mil bases militares ianques espalhadas pelo mundo. São forças facilmente mobilizáveis.

Há um comando fechado, mas descentralizada com tentáculos ágeis de com grande autonomia de ação. A estrutura é dividida de modo a confundir sua forma de ação. O Exército (United States Army) é uma só força, mantendo em atividade, em março de 2011, cerca de 380 mil componentes, entre homens e mulheres, incluindo uma parte minoritária de pessoal administrativo.

Na parte aérea existe a Força Aérea (United States Air Force-USAF), que mantém um efetivo de 40 mil homens e cerca de 2.000 aviões e helicópteros. Essa força só cuida das atividades a partir de solo firme. Outras aeronaves, também em número elevado, operadas a partir de navios porta-aviões, são da Marinha.

E a Marinha, que é a mais expansiva e tentacular das três armas é dividida em três partes: a US Navy, que é a força com suas amedrontadoras frotas de navios e os porta-aviões, a Mariner Corps, que congrega forças operadas em terra a partir de apoio naval, e a Cost Guard, a guarda costeira, com forças regulares que se confundem com as do Exército.

Toda essa estrutura é subordinada à Secretaria da Defesa (Secretary of Defense), que tem status de ministério e responde ao Departamento de Defesa (United States Defense Department), presidido pelo próprio presidente da república estadunidense.

O importante é que essa estrutura permite que, em caso de necessidade, aviões da USAF, por exemplo, se juntem aos da Marinha. E aí entram helicópteros de alta sofisticação, submarinos e, é claro, o vasto arsenal para lançar mísseis municiados inclusive com ogivas atômicas.

Ao denunciar com vigor a militarização das Malvinas (ou Falkland Islands, como dizem os britânicos), a presidente da Argentina, Cristina Kirchner adotou um ato de coragem. Mas de extrema necessidade. A crescente militarização do Atlântico Sul já chega a ser acintosa.

É uma ação que busca atemorizar os novos governos que vêm redefinindo a geopolítica em toda a região, desde o Caribe até o Cone Sul. Com a Venezuela no meio do caminho, é claro.

Seria desnecessário dizer, pois,  que o apoio brasileiro a essa iniciativa do governo argentino é de fundamental importância.

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