Problema complexo, soluções simplistas

Todo problema complexo apresenta-se com vários aspectos e tem uma solução simples e errada. Às vezes, nem isso.

Com a decisão do movimento sindical unido de enfrentar, junto com o empresariado e apoiado na conjuntura favorável, os problemas da desindustrialização apareceram inúmeras apreciações e sugestões na grande imprensa. Vou me referir a três editoriais de três jornalões, em ordem cronológica.

O Estado de S. Paulo de 29/1, pergunta “De mãos dadas para quê?”. Depois de confirmar a gravidade da situação do setor industrial afirma que não será com iniciativas atabalhoadas que nossa indústria deve combater as importações e que não faz sentido a aliança entre trabalhadores e empresários para enfrentar o câmbio valorizado e os impostos altos (não fala dos juros). Seria melhor, pontifica, aumentar a eficiência produtiva.

A Folha de S. Paulo de 2/2, reconhece a “Indústria deprimida” mas diz que não há remédio de curto prazo. Entre as várias medidas para reorganizar os gastos públicos menciona os juros que devem ser reduzidos, a contenção de despesas, a redução da dívida, o aumento dos investimentos em infraestrutura e a educação para o trabalho. Termina com um patético “ Nada de novo”.

O Globo de 3/2, registra que a “Indústria sinaliza falta de reformas” e é taxativo: desvalorizar o câmbio não é remédio milagroso para o setor. Propõe cortar de fato o “custo Brasil” mas não inclui nele os juros altos.

Entre a inércia de “longo prazo” da Folha e o programa reacionário do Globo, o Estadão tem a solução simples: não fazer nada em conjunto.

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