Sexta economia e péssimo IDH

O Brasil desponta como a sexta maior economia do mundo, superando a Inglaterra que agora passa a ocupar a sétima posição. Estamos atualmente atrás apenas dos Estados Unidos, China, Japão, Alemanha e França. Deveremos ultrapassar a França dentro de três anos e antes do final desta década ultrapassaremos a Alemanha.

O Brasil tem potencial para ser a maior economia do planeta no médio prazo, pois temos enormes recursos naturais, a maior biodiversidade, maior potencial hídrico e energético, e a maior área agricultável do mundo. Somos a quinta maior população do globo e o melhor povo do mundo. O pré-sal é uma dádiva da natureza e da genialidade do então presidente Lula Inácio Lula da Silva para colocar o Brasil no rol dos maiores produtores mundiais de petróleo, e os recursos daí advindos servirão para alavancar com celeridade o nosso desenvolvimento com justiça social.

Tudo isso nos enche de orgulho e eleva muito a nossa auto-estima. Aliás, com os dois governos Lula, em especial no segundo, perdemos o complexo de vira-latas tão presente principalmente durante o desgoverno neoliberal tucano-pefelista. Hoje, como disse o Chico Buarque, não mais falamos fino com os Estados Unidos e grosso com o Paraguai e a Bolívia. Também, como disse o presidente Lula no dia de sua posse em 1º de janeiro de 2003, “Ministro meu não tira mais os sapatos em aeroporto nenhum do mundo”, como vergonhosamente faziam os ministros do Coisa Ruim (FHC) nos aeroportos dos Estados Unidos após os atentados às Torres Gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Foi vergonhoso e triste ver o ministro das Relações Exteriores do Coisa Ruim, Celso Lafer, tirar os sapatos nos aeroportos de Washington, Nova Iorque, Miami e muitos outros.

Mas se tudo isso nos enche de orgulho, muito nos entristece ocuparmos a 84ª posição no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre 150 países. É uma posição humilhante e reflete o desprezo das elites – que sempre dominaram o País – à maioria do nosso povo. Esse péssimo IDH é o resultado da escandalosa, criminosa e histórica concentração de renda, agravada durante os 21 anos da ditadura militar e os dez anos de neoliberalismo – dois de Fernando Collor de Mello e oito do outro Fernando, o Coisa Ruim; também contribui a baixa qualidade da educação e o precário atendimento da saúde e a infraestrutura que deixa muito a desejar. E é justamente essa concentração de renda a principal causa da extrema violência observada em todo o País.

Para que o Brasil possa avançar para uma posição tolerável do IDH, necessário se faz a redução substancial das taxas de juros, hoje escandalosamente as mais altas do mundo; uma reforma tributária progressiva em que os ricos paguem bem mais que os assalariados; a taxação das grandes fortunas; uma reforma agrária que contemple todos os trabalhadores rurais sem terra não só com terra, mas com crédito, assistências técnica, educacional e de saúde, garantia de preços mínimos e estradas vicinais para escoamento da produção. O combate sem trégua à corrupção e o fim da impunidade são outros fatores que contribuirão para elevar a posição do Brasil no IDH.

Não fossem o neoliberalismo e as políticas econômicas nocivas aos interesses nacionais e populares que resultaram em duas décadas perdidas, o Brasil, certamente, estaria hoje em melhor posição no ranking mundial.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ao comentar a ascensão do Brasil à condição de sexta economia mundial, frisou que o País tende a consolidar a posição diante da crise que atinge as economias de países desenvolvidos, mas prevê que pode demorar de dez a 20 anos para ter um padrão de vida europeu. Observou ainda o ministro Mantega que “isso significa que nós vamos ter que continuar crescendo mais do que esses países, aumentar o emprego e a renda da população”.

Mas como aumentar o emprego e a renda da população se o governo teima em manter o câmbio flutuante prejudicando as exportações, esse superávit primário ditado pelos rentistas e as estratosféricas taxas de juros – embora estejam baixando – que travam o desenvolvimento que poderia ser mais acelerado? Como defender o aumento da renda da população negando reajustamento salarial aos servidores públicos federais em 2012, não repondo sequer a inflação do período que é de 6,5%?

Para que possamos avançar e superar o padrão de vida europeu no médio prazo é imprescindível a destucanização de importantes setores do governo, notadamente no Banco Central, dado que políticas neoliberais continuam, inexplicavelmente, vigorando nas áreas econômica e do planejamento. A ditadura midiática, que alimenta as políticas mais retrógradas, precisa ser vencida e isso só será possível com a regulação da mídia que leve à democratização da comunicação. O resto é falácia!

É bom sermos a sexta economia mundial, mas é péssimo sermos o 84º país no Índice de Desenvolvimento Humano.

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