Contradições

Vivemos com contradições. Ao mesmo tempo em que trabalhadores conquistam reajustes salariais fortes, como os metalúrgicos da Grande São Paulo, outros enfrentam a truculência patronal naqueles setores onde impera o arbítrio e a prepotência.

Em Recife, por exemplo, o Marreta (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil) conquistou, com greve, 13% de reajuste. Já os trabalhadores da grande obra para o estádio da Copa do Mundo em Pernambuco sofrem com a discriminação patronal e a repressão policial, que enfrentam com greve e manifestações.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada, Aldo Amaral e o vice-presidente da Força Sindical, Miguel Torres reuniram-se com o governador Eduardo Campos e ouviram dele que a PM abandonaria a linha repressora que vinha adotando, ao mesmo tempo em que se negocia com a empresa a abolição das medidas truculentas e provocadoras (demissões de cipeiros, arbitrariedades do coronel chefe da segurança, entre outras) e o atendimento das reivindicações dos trabalhadores que exigem o cumprimento do acordo.

Em ambos os casos a disposição firme dos trabalhadores é a de luta. E o empenho sindical organiza a vontade coletiva e encaminha negociações para solucionar os problemas.

Vivemos também grandes contradições no atacado: a conjuntura econômica é positiva, mas carregada de desequilíbrios. Os juros da Selic têm caído (é o menor índice de juros em 17 meses, descontada a inflação), mas continuam muito altos; o emprego se mantém estável, mas a produção desacelera. A luta entre a visão produtivista e a visão rentista vai ficando cada vez mais feroz e o resultado dela significa avanço ou grandes retrocessos.

Uma outra contradição: todos percebem o papel positivo da unidade de ação das centrais sindicais; no entanto, alguns, motivados por interesses egoístas e desorientados, insistem na divisão, subestimando o alcance estratégico das lutas prioritárias.

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