O Carro Chinês

Os automóveis importados de países asiáticos, especialmente da China, tinham grande aceitação no mercado brasileiro. São bem ajeitados, com componentes diversos, de baixo consumo de combustíveis e, principalmente, preços bem mais acessíveis do que os nacionais. Mas o bicho pegou.

A criação de nova taxação, por via do Imposto de Produção Industrial (IPI), que eleva em até 30% o preço do carro importado, muda de modo radical a conjuntura desse mercado, em desfavor do cidadão.

É dramática a opção brasileira de privilégio ao automóvel, desdenhando o transporte público. Metrô, ônibus, trem e a bicicleta são meios de transporte muito mais compatíveis com os tempos atuais, como sempre o foram.

Só que as cidades estão ficando cada vez mais insuportáveis. Mesmo as que estão fora da lista de grandes e médias. Mas são poucas as que têm ciclovias na sua agenda urbana, por exemplo. A maioria dos prefeitos acha que ciclovia é para lazer!

Entretanto, já que o mal está feito, os asiáticos conseguem produzir carros muito mais baratos. Sua presença no mercado nacional significa ao menos a lembrança de que é possível vender carros a preços menos escorchantes. Se eles podem, por que nós não podemos?

Os carros deles conseguem ter boa qualidade, são bem equipados, percorrem milhares de quilômetros e chegam aqui por preços mais acessíveis. Há alguma coisa errada nisso. Dizer que os custos aqui são mais altos, inclusive o da mão-de-obra, não é verdade. Em vários desses países os salários nas fábricas são mais elevados do que no Brasil.

A medida do governo tem um caráter protecionista. Protege o trabalhador, a indústria, o vendedor. Tudo bem, é medida de interesse nacional, bem acolhida. Mas deveria ser acompanhada de mais controle sobre o produto nacional.

Há que se ter também controle da qualidade. Os carros daqui são mais caros, menos confortáveis e mais poluidores do que os de lá, segundo pesquisas do governo. Onde estará, então, a eficiência?

As novas fábricas que estão sendo anunciadas deveriam ser submetidas a regras mais rigorosas, pois só assim elas farão verdadeira concorrência saudável. Se entrarem no mercado para fazerem o mesmo jogo, o resultado já é sabido.

Ou seja, proteger o mercado nacional é o que todos os países fazem. Mas quem tem que ser protegido é o consumidor, não as indústrias. Até mesmo porque estas, em nosso caso, nem são nacionais.

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