Outra Amazônia em disputa

 

A cobiça internacional pela Amazônia é histórica e, amiúde, esse bioma é ameaçado pelo interesse estrangeiro e pela biopirataria. Não por acaso publica-se tanta coisa para justificá-la como patrimônio da humanidade, solta das fronteiras nacionais. Corrobora com esses propósitos muitas teses ambientalistas que, por ora, não medem esforços para, no mínimo, sabotar a inclusão da Amazônia em um Projeto Nacional de Desenvolvimento soberano, querendo fazer crível que o melhor para o país é transformá-la numa espécie de zona neutra, intocável. Em outras palavras: se os gringos não podem tê-la, também os brasileiros não a terão. Daí toda a sorte de pressões externas, sobretudo, agora, contra Jirau e Belo Monte.

Há, todavia, outra Amazônia, igualmente brasileira, em disputa internacional. Essa Amazônia é de igual modo, muito rica em biodiversidade, repleta de recursos minerais e ainda desconhecida por boa parte dos brasileiros. Trata-se da Amazônia Azul, assim batizada pela Marinha Brasileira, que inclui o mar territorial e a chamada Zona Econômica Exclusiva da plataforma continental. Corresponde a uma área que hoje quase equivale à metade da superfície do território nacional, podendo ultrapassar essa extensão caso o Brasil saia vitorioso de seu pedido feito pelo governo Lula em 2004, de extensão de seus direitos econômicos sobre essa área, de acordo com a Convenção das Nações Unidas Sobre o Direito do Mar.

É sobre isso que aborda a matéria intitulada “Brasil reivindica extensão maior da Amazônia Azul”, escrita por Carlos Vasconcellos e publicada no Valor Econômico no último dia 26. De acordo com a reportagem, “do total pleiteado, 190 mil quilômetros quadrados não foram concedidos pela ONU, que alegou inconsistências no pedido brasileiro. O Brasil agora realiza novos estudos para reapresentar o pleito e conseguir a totalidade da área junto às Nações Unidas”.

Essa “Amazônia marítima” é também muito estratégica ao país. Como lembra o artigo do Valor o subsolo marinho da Amazônia Azul esconde inúmeras riquezas. “Começando pelo básico, areia e cascalho para construção civil e reconstrução de praias. Depois, matéria-prima para insumos agrícolas, como carbonatos, fosforitas e sais de potássio”. Valer lembrar que nosso país, potência agrícola mundial, importa 90% dos fertilizantes usados na agricultura.

Consultado pelo Valor Econômico, Kaiser de Souza, chefe da divisão de geologia marinha do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) não vacila ao afirmar que o Brasil está atrasado na corrida internacional pela mineração submarina. Segundo o pesquisador “China, Japão, Coreia, Índia, França, Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra estão desenvolvendo tecnologia para isso. A Austrália explora sulfetos polimetálicos a 1,6 mil metros de profundidade".

A depender dos grandes meios de comunicação, em especial a Editora Abril, estranhos a qualquer matéria relativa aos interesses nacionais, tudo isso é fantasia e não passa de suspiro megalomaníaco de um país que quer ser maior do que é. Nesse ínterim, têm razão. O Brasil inaugurado no governo Lula enxerga mais longe e está empenhado em incorporar, por direito, uma área equivalente à superfície terrestre do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo e tornar-se ainda mais gigante.

Para quem nunca creu no pré-sal, não se pode esperar algo diferente do escárnio e deboche no pleito do Brasil ultrapassar sua última fronteira, rumo à edificação de um país mais autônomo, soberano e influente no concerto internacional das nações.

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